quarta-feira, dezembro 08, 2004

Salas deveriam exibir filmes nacionais por, no mínimo, 63 dias; Ancine admite que sistema "não é tão eficiente"

O método de cálculo da cota de tela, número obrigatório de dias de exibição de filmes nacionais nos cinemas, realizado a cada ano pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), é considerado pouco preciso pelo próprio órgão."O mecanismo não é tão eficiente quanto gostaríamos", admitiu o diretor da Ancine, Augusto Sevá, no último dia do 1º Seminário Internacional do Audiovisual, anteontem, em São Paulo.Boa parte dos exibidores não deve cumprir a cota de 63 dias neste ano. Em 2003, foram estipulados 35 dias, número que, segundo Sevá, foi atingido em junho.O problema seria a inexistência de uma base de dados da própria agência que pudesse embasar o cálculo. A cota deste ano foi feita a partir do ótimo resultado de 2003, impulsionado pelo sucesso de "Carandiru". Os ataques à cota e à metodologia empregada pela Ancine partiram do diretor de relações institucionais do grupo exibidor Severiano Ribeiro, Luiz Gonzaga de Luca, que comparou informações sobre o público de filmes nacionais em 2003 e 2004.No ano passado, o número de espectadores de filmes nacionais foi 22,8 milhões, 22,36% do total de 102,9 milhões. Neste ano, esse público caiu para cerca de 15,8 milhões, 14,1% de 112 milhões.De acordo com De Luca, haveria uma "inadequação do produto ao público". "Os filmes não têm a cara das salas de exibição. Cinema é para as classes A e B, de 15 a 25 anos. Quem não produzir para esse público vai cair no mercado de arte." Em resposta às críticas, o diretor da Ancine defendeu a "capacidade dos técnicos da agência em gerir os dados do setor", e ressaltou que a avaliação dos números deve ser feita num período superior a dois anos."Do ano passado para este, que deve fechar em 17%, houve um decrescimento de 5%, mas o histórico recente aponta para um crescimento."A cota para 2005 deve ser publicada no Diário Oficial como decreto de lei nos últimos dias deste ano.Já para Bruno Wainer, diretor da distribuidora Lumière, "a cota é coadjuvante". "Há um padrão que se repete: oito filmes nacionais respondem por 95% dos ingressos."Esses filmes seriam aqueles produzidos com recursos captados pelo artigo terceiro da Lei do Audiovisual, que permite às distribuidoras estrangeiras aplicar percentuais de seus impostos a pagar em produções nacionais. (tirado da Ilustrada)

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