terça-feira, junho 03, 2008

Ensino de Filosofia e Sociologia passa a ser obrigatório

O presidente em exercício José Alencar sancionou nesta segunda (2), em solenidade no Palácio do Planalto, o projeto de lei que obriga as escolas públicas e particulares do ensino médio a incluir nos seus currículos filosofia e sociologia. A medida atingirá um universo de 10 milhões de estudantes matriculados em mais de 25 mil escolas no país.

As disciplinas foram retiradas dos currículos em 1971 durante o regime militar. Elas foram substituídas pela matéria Organização Social e Política Brasileira (OSPB). O resgate delas foi proposto pelo deputado Ribamar Alves (PSB-MA) que teve seu projeto aprovado no Senado no início do mês passado.

“São disciplinas que permitem ao cidadão exercer seu direito, jamais poderiam ficar fora das disciplinas do ensino médio. Isso é uma grande vitória para o país”, disse José Alencar, que afirmou que o mesmo teria feito (sanção) o presidente Lula se estivesse em Brasília.

A solenidade contou com a presença de representantes de entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), sindicatos de professores e associações profissionais de sociólogos e filósofos.

O ministro Fernando Haddad (Educação) afirmou que os ensinos de sociologia e filosofia vão ajudar a formar indivíduos capazes de exercer plenamente seus direitos, “de se situar no mundo do trabalho, social e deslumbrar novos horizontes”. Com a lei, que passa a vigorar assim que for publicada no Diário Oficial da União, o ministro diz ainda que será ampliada a rede federal de ensino médio que passará a funcionar com uma política pedagógica diferenciada: educação científica, profissional e humanística.

O representante do Conselho Nacional de Educação (CNE), César Calegari, afirmou que durante a ditadura militar as duas disciplinas foram alvos preferenciais de todos aqueles que temiam “a luz e a vida, não por acaso foi grande a perseguição de professores e alunos envolvidos no aprendizado”. Ele também criticou o governo de Fernando Henrique Cardoso que teve a oportunidade de sancionar um projeto de lei da mesma natureza, mas preferiu vetá-lo. “Nos anos 90, no alto do pensamento das práticas neoliberais, essas disciplinas voltaram a ser alvo preferencial daqueles que imaginavam uma educação pobre, uma idéia de currículo mínimo e reduzido”.

segunda-feira, maio 19, 2008

Lukács e a Teoria do Romance



Bem aventurados os tempos que podem ler no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhes estão abertos e que têm de seguir! Bem aventurados os tempos cujos caminhos são iluminados pela luz das estrelas! Para eles tudo é novo e todavia familiar; tudo significa aventura e todavia tudo lhes pertence. O mundo é vasto e contudo, nele se encontram à vontade, porque o fogo que arde na sua alma é da mesma natureza que as estrelas. O mundo e o eu, a luz e o fogo distinguem-se porque o fogo é a alma de toda a luz e todo o fogo se veste de luz. Assim não há um único ato da alma que não adquira plena significação e não venha a finalizar nesta dualidade: perfeito no seu sentido e perfeito para os sentidos: perfeito porque o seu agir se destaca dela e porque, tornando autônomo, encontra o seu próprio sentido e o traça como que em círculo à sua volta. “Filosofia”, diz Novalis, “significa propriamente nostalgia, aspiração a estar em toda parte como em sua casa”. É por isso que a filosofia, enquanto forma de vida assim como enquanto determina a forma e o conteúdo da criação literária, é sempre o sintoma de uma laceração entre o interior e o exterior, significativa de uma diferença essencial entre o eu e o mundo, de uma não-adequação entre a alma e a ação. É a razão pela qual os tempos felizes não tem filosofia, ou – o que vem a dar no mesmo – todos os homens desses tempos são filósofos, detentores do objetivo utópico de qualquer filosofia. Porque qual pode ser a tarefa da verdadeira filosofia, senão levantar essa carta arquetípica.