terça-feira, outubro 18, 2005

Para não dizer que não falei de festas

Ninguém acreditou, mas...


Por incrível que pareça meu blog chegou a 1 ano de existência. Como que isso foi possível? Como tive tanta persistência em algo tão pouco usual para a maioria das pessoas?

Manter esse meio estranho de comunicação é algo um tanto quanto complicado, principalmente quando provas da Deise atrapalham os planos de escrever alguma coisa decente. Mas, para mim esse blog foi muito importante: primeiramente porque me fez entender um pouco (bem pouco) de HTML, e isso, a meu ver, já é uma vitória. A aparição deste site na minha vida é conseqüência do uso intenso de Internet neste período. Com a net à cabo eu ficava conectado o dia inteiro e, com um tráfego maior de kbps por segundo, era muito mais fácil procurar qualquer coisa neste vasto emaranhado de ilusão cibernética. Em segundo lugar, este blog me ajudou a extravasar meus pensamentos reprimidos (olha o Freud ai). Os que me conhecem sabem que não sou muito de falar, então, aqui eu escrevo até dar calo nos dedos (risos). Mas, voltando a prosa, a Internet me deixou viciado na futilidade mundana. A conexão à cabo era um perigo!


Coisa que hoje já é um pouco mais complicada. A net por telefone me obriga a ficar acordado até tarde (coisa muito tortuosa para mim {sic}) e a ficar pouco tempo na imensidão de informações. Nesta nova fase é muito mais difícil procurar as patologias mentais que divido com vocês. No começo eu até fiquei um pouco aborrecido por ter me desfeito da Internet rápida; como poderia viver sem este prazer tão intenso e satisfatório? Pois é, eu consegui!! No momento, sinto-me liberto deste cancro malévolo, agora tenho “tempo livre” para exercer os anseios do meu querido ócio produtivo. Não sinto nem um pouco de falta da rede virtual. É incrível como o sistema nos coloca demandas que achamos prioritárias, só que, quando nos demos em si vemos que não passa de um mero fetiche. O capital nos cria necessidade de fetiche e este último nos induz a desejos momentâneos e aparentes.



Como viver no século XXI sem a Internet? Sem alguma informação? Como é a sensação de não ter mais o mundo aos nossos olhos, ali, ao vivo e a cores? O que será da minha vida fora da “aldeia global” de McLuhan? Pois eu digo: existe vida e prazer para além das fibras ópticas! Não há mais em mim aquele desejo imediato de saber quais são as novas do mundo do cinema e quais as últimas da política brasileira. Estou liberto? Claro que não!



Lembro-me da época dos depoimentos na CPI. Puts! Eu não via a hora do Roberto Jéfferson começar a denunciar o esquema do mensalão. Ficava na expectativa do que Marcos Valério diria quando apertado pelos parlamentares. “Nossa! Amanhã vai ser o depoimento do Zé Dirceu!” Era só a mídia soltar a notícia que eu não me continha de ânsia. Pensava: “Hoje tudo deu errado, mas pelo menos alguma bomba estourou em Brasília. Vou grudar na frente da TV e assistir tudo de camarote!”. Pois é, era tudo ilusão. O que quer que acontecesse no Planalto ou na Câmara não ia mudar nada na minha cotidianeidade, e, pior, eu sabia que aquilo tudo era um grande circo no qual a grande atração era a nossa crendice fiel neste sistema injusto e contraditório. Apesar de tudo, eu adorava o barraco. É como um jogo, se entramos (ou somos incluídos, iludidos, seduzidos) queremos saber qual será o próximo capítulo. É uma estranha sensação de satisfação, de sentir parte daquilo tudo, como se agíssemos por meio dessas opções fictícias. O grande fenômeno Big Brother não se passa disso. E, não só ele, quase tudo na mídia, de uma maneira em geral, é feito para um consumo rápido (como se o conteúdo viesse mastigado) e um conseqüente descarte, isto, sem a mínima noção de qual é nosso papel em todo esse processo. É a alienação que Marx descreveu nos Manuscritos Econômico-Filosóficos no plano do trabalho fabril de uma maneira eficiente no terreno da dominação ideológica.“O trabalhador se relaciona com o produto de seu trabalho como a um objeto estranho (...) ele não é seu trabalho, mas o de outro, no fato de que não lhe pertence, de que no trabalho ele não pertence a si mesmo, mas a outro (...) um objeto estranho que o domina (...) coisa estranha, que não lhe pertence, a atividade como sofrimento (passividade)”. O velho Marx não se engana e nos dá a base para compreendermos esse complexo meio de persuasão e dominação. Só podemos analisar este analgésico fatal audiovisual se levarmos em conta as premissas do Estado Burguês, e tudo o que ele representa, todos os conflitos que são mascarados e harmonizados. Temos que descortinar esta realidade onírica. Não podemos nos fartar em revelar quais são os reais interesses dessa sociedade contraditória. Contradição esta que, começa na produção e se estende para todos os aspectos do campo social, partindo da infra-estrutura até chegar-se à super-estrutura. Não podemos nos esquecer que esta dominação também se realiza na música e nas artes, coisa que Adorno explicitou tão bem no seu instigante artigo: O fetichismo na música e a regressão da audição, que trata da fetichização da linguagem sonora sob as condições dadas pelos monopólios culturais e que, conseqüentemente ocasiona a incapacidade crescente do grande público de avaliar aquilo que é oferecido aos seus ouvidos pelos interesses mercadológicos. Adorno faz a recolocação do conceito marxiano de fetichismo no sentido de compreender sua especificiadede no tocante às mercadorias culturais.



Segundo Marx, o caráter de fetiche da mercadoria advém do fato de seu caráter de coisa esconder as relações sociais, de exploração do trabalho alheio pelo capital, que de fato a produzem. Daí a mercadoria se tornar algo misterioso, místico e “metafísico”: um objeto inanimado que parece ter vida própria, fora do controle tanto daqueles que o produzem, quanto daqueles que o consomem. Como disse Marx “não está escrito na testa do valor o que ele é”. Se na mercadoria “comum”, o caráter de fetiche diz respeito à ocultação do caráter de valor-trabalho que ela possui por meio da idolatria do seu aspecto de coisa – em que relações de exploração ficam como que submersas -, no bem cultural a suposta ausência de valor de uso (que na verdade é valor mediatizado) é hipostasiada no sentido de se transformar, ela própria, em valor de uso: a presumida inutibilidade como emblema, que, em vez de subverte o caráter mercantil do produto, acaba por reforçar o caráter de valor de troca que ele, em uma sociedade capitalista, necessariamente possui. Ou seja, somos nós que construímos esse valor de uso, que nos é injetado, mas que, na realidade, ele não existe. Aquilo que não serve para nada; só tem valor de troca.

Não vamos nos tornar seres melhores, mais críticos e reflexivos se consumirmos em doses cavalares essa grande indústria de lixo. E, ai sim, a percepção de Benjamin vai mais do que se tornar realidade, quando ele diz: “Nunca há um documento da cultura que não seja também um documento de barbárie”.

Não podemos deixar que o mundo da aparência se torne a essência do mundo, no qual, o que se vê e ouve é o que de fato existe. Eu aproveito o aniversário deste blog sem futuro para reiterar estas idéias. Temos que lutar contra a percepção fenomênica do mundo. É nela que a Indústria Cultural “deita e rola solta”, e produz um mundo aparentemente sem novas ideologias e que, conduz a uma sociedade com um rumo já previamente determinado no qual orienta a felicidade plena de pedalarmos numa bicicleta ergométrica dentro de um ônibus em movimento, no meio da cidade do Rio de Janeiro, e acharmos toda essa idiotice o máximo. Venha para o Mundo de Busbike e Liberte-se!





Lembremos dos Frankfurtianos, os quais foram duramente criticados por suas idéias de um mundo totalitário e sem perspectiva futura. Mundo no qual os agentes dotados do destino ontológico de nos conduzir para uma nova sociedade se dão de cara com um gigantesco arsenal ideológico que os cerceia de seu papel revolucionário. Os transgressores de Frankfurt diziam que nossa realidade não se trata de um regime totalitário, como o nazista, pois, “a liberdade formal de cada um está garantida”, mas de uma sociedade na qual só têm as melhores chances aqueles que se identificam inteiramente com o seu fundamento último: a exploração do trabalho alheio e, neste aspecto, a ciência mistificada e a indústria cultural são extremamente eficazes. Sutis por um lado, mas muito eficazes por outro.

Quero aproveitar este devaneio erudito para agradecer a duas pessoas que são muito importantes neste processo de vida de blogueiro, o André e a Tathi. Posso até estar meio equivocado, mas acho que eles são os únicos leitores do meu blog (risos). Pelo menos alguém lê as loucuras que escrevo, né? No entanto, o importante mesmo é escrever. Botar pra fora tudo o que quer dizer para alguém, mas com um pouco mais de calma do que numa conversa particular. É nisso que quero incentivá-los. Vamos juntos formar um grande blog anti-mistificação do mundo.

Sei que a Internet é uma merda. Como o professor José Flávio disse uma vez muito irado, num debate contra um seguidor do Gorz: “ Então viva o senso comum! A Internet vai nos libertar!”. Libertar é claro que não vai, mas vamos nos utilizar dela, fazer algo como que o louco do Jello Biafra disse uma vez: “não reclame da mídia, seja mídia!” Vamos ser mídia! Mesmo que de brincadeira, só para nossa satisfação cognitiva. Vamos fazer deste meio (criticamente) tal qual Benjamin via no cinema dos anos 30. O que pra ele era um grande meio progressista ao qual colocava os telespectadores confrontados linguagens revolucionárias esteticamente. Ele conciliava a crença na possibilidade de uma revolução socialista, a partir da massa politicamente organizada com a incontornável percepção de que os meios tecnológicos de manifestação estética tinham vindo para ficar. E é com este pensamento que termino o meu desabafo. Ufa! Achei que não iria terminar mais (risos). Vamos ser mídia e, ao mesmo tempo, ser os mais ferozes críticos dela. Vamos ser dialéticos e ajudar a transformá-la! Algo como Hegel disse uma vez e que serve no nosso caso: A Filosofia (assim como a teoria) tem de ser a estraga festas. E, neste caso, vamos estragar as festas, destoar da maioria, contestar e negar essa realidade mística.
Feliz Aniversário!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Balzac, alguns trocos e a janela indiscreta


"A burocracia é um sistema gigantesco gerido por pigmeus" (Honoré de Balzac)

Balzac e a Costureirinha Chinesa (o filme que quero ver, parece interessante)

Por Henry Alfred Bugalho

Durante o regime maoísta na China Comunista, dois amigos, Lu e Ma, são enviado para as montanhas, por causa de suas orientações reacionárias (entenda-se ocidentalizantes), para passarem por um processo de reeducação. Neste local, eles devem aprender a se desapegarem de seus princípios capitalistas-ocidentais e descobrir como é a vida campesina revolucionária. Lá, Lu e Ma conhecem uma singela e ignorante costureirinha. O objetivo de ambos se torna, então, "civilizá-la".

Ao lerem livros proibidos, autores clássicos da literatura francesa como Balzac, Zola e Flaubert, os três criam um vínculo íntimo que os ligam à liberdade de pensamento e à ruptura de um autoritarismo intelectual. Não raro costuma-se propagar aos quatro ventos os efeitos sociais da literatura, de como ela pode mudar o mundo. Creio que poucos exemplos poderiam ser mais apropriados do que as mudanças radicais que os livros realizaram naquele pequeno vilarejo chinês perdido em meio a montanhas. O próprio processo de superação dos três acaba por se refletir em toda a vida daquelas pessoas humildes, que papagueiam ideais revolucionários sem mesmo saber o que eles significam, semelhante a muitos jovens, que se acham revolucionários sem ler (ou sem entender) Marx.

Balzac e a Costureirinha Chinesa é uma crítica, ao mesmo tempo que uma advertência, contra quaisquer princípios ditatoriais restritivos da liberdade de expressão e de como o saber e a cultura podem sim serem motores de mudanças. Ao contrário do materialismo dialético, no qual a super-estrutura acaba por refletir a infra-estrutura, aqui temos um inversão de papéis, a cultura e o ideal burguês-liberal explodindo de dentro o escopo limitado de um marxismo imbecilizado e imbecilizante.

Uma fotografia belíssima e um enredo envolvente faz deste filme uma das pérolas do cinema internacional. Inocentemente avassalador!

Confirmação de Fiscais==> Se você quer saber se vai ser fiscal do
vestibular do UEL mais uma vez clique ai. Eu acabei de ver e estou dentro.
60 reais só na primeira fase. Ih! Sociais...Sociais!!

Quer ver algo engraçado? Uma coisa que só poderia existir no Brasil. Algo tão estúpido e bizarro que nem a mente mais insana seria capaz de criar. É a contradição entre os avanços tecnológicos e a barbárie. Um complexo de complexos que só vendo para crer.Venha para o Mundo de Busbike e Liberte-se

sexta-feira, outubro 14, 2005

Vai chegar a nossa vez e...



Não me perguntem como eu achei o trecho que segue abaixo; coisas da net. Vejam como é super recompensador dar uma aula de sociologia. Nós realmente conseguimos mudar a cabeça dos aluninhos.

APU YO SERES DO MUNDO BOLA!

aki é a RockA...

pudim de cara nova! mas ainda tem muito o que fazer por aqui....
aguardem novidades!

vim pra comentar minha insatisfação com a primeira aula de sociologia...
a professora "Stefônia" falava falava e não ia pra nenhum lugar... tipo...mais nada haver saca.... deu sono cara....
do tipo:

"-BOM DIA ALUNOS! VIM FALAR SOBRE SOCIOLOGIA! ENTÃO, O QUE É SOCIOLOGIA? AS TSUNAMIS QUE ATACARAM A ÁSIA TEM HAVER COM QUESTÕES CULTURAIS! SOCIOLOGIA ESTUDA O SOCIAL... E O QUE É SOCIOLOGIA? O ILUMINISMO ANTIGAMENTE..."

detalhe na aula:

Pritz fingindo q entendeu: "...aaaaahhh!!!!... ó_ò"" *que magiko!* "
Fofyx revoltada por saber mais q a prof: "...bla bla bla.... u_Ù"
Tata voando: "hêahãê!! ^_^ *babando*"
RockA segurando pra não rir: "brup.....kkkkkkk!!!! *lê o quadro* stefônia!!! kkkkk!!!!!....hehe..tsunami...brup...hehehe..iluminismo..*se esconde debaixo da mesa*..tssss....hehhehehhahaha!!!! kkkkkkkkk!!!!!! SOCIOLOGIAAAA!!! KÁKÁKÁKÁKÁKÁKÁKÁ!!!!!!! *bate a cabeça na cadeira!*"

rss....pow.... não consegui segurar...
tipo, axamos q foi a primeira aula q a mulher deu... e foi realmente um desastre...mas as bolinhas vão tentar colaborar na próxima....

mas como eu ia dizendo...
a sociologia...kkkkkk


PRITZ BATIZOU JUJUBA COMO BOLINHA NATA DO PUDIM!
*_____* jujuba mais spuletinha do mundo!! bixinho saltitante mais lindo de todos!!!
ela ta indo pro rj amanha....
pensei em matar aula pra ver ela...
mas axo q não vou fazer isso...

engraçado...meus posts são mais pra família pudim mesmo...
bah....
to sem criatividade...

hoje pritz me ligou...xamando pra ir na tal pump...
eu disse q nao ia...aiuehiaeuueah, dae ela insistiu tanto q eu fui....
tomei um banho pra tirar a crosta de sebo acumulada pelo corpo
e fui de encontro a bolinha lhama...
nem dançamos...
tava xeio de pessoas fominhas la....
hehehehe, pritz se decepcionou...
se bem q eu nem ia conseguir dnaçar msm....


mas o q importa na verdade.. é "lhama lhama lhama lhama lhama duck!" aiuehaiueh


OBS: ainda to tentando descobrir o que é sociologia...rs

bju da gorda!
RockAju


Procura-se Marx, alguém já ouviu falar dele?

Olá genti!!! Todo belê?! Puts, Ctba é pirada mesmo... ontem tava um super clima de inverno, e hj tá um sol super ardido!!! Loucura, né?!
Ai, hj eu tive uma aula SUPER chata de SOCIOLOGIA... Ui, é a única matéria que eu ODEIO!!! Que pé no saco... Hi, hi, hi... Mas é a vida, né?! Do jeito que eu to AMANDO meu curso de Jornalismo, eu vou ter que tentar esquecer dessa aula chata e lembrar apenas das boas!!
Antes de qualquer coisa, eu queria falar aqui pro Fernando, que deixou um coment. onti, que a gente NASCEU e moramos a vida INTEIRA aqui em Ctba, então nós já estamos acostumadas, e podemos afirmar mesmo que amamos essa city, belê?! Mas valew pelas “Boas Vindas”!! Hua, hua... Continue nos visitandu, viu?!

Então... quais news eu vou colocar pra vc’s?! Ah, vc’s sabem que (apesar de ser jornalista) eu não tenho mto tempo pra ver as notícias do mundo dos famosos!!! Hi, hi, hi... Uma coisa que eu queria colocar nesse tempo que a genti ficou fora, e que nunca dava, é que meu irmão arranjou uma fita com um MONTE de episódios daquele seriado “Jackass” (*Caras de pau)... Meu Deus, os caras são PI-RA-DOS!!!! Muito doidos malucos d+!!!! Só que não era bem disso que eu queria falar... queria mesmo é falar do JOHNNY KNOXVILLE!!!


quinta-feira, outubro 13, 2005


Sociais! Da esquerda para a direita: Stela, Camillo, Willian, Berta, Fl�via, Eric, Andr�, Marcela, Morsa e Leonardo.

As imagens da ciência



"De cada ida ao cinema, apesar de todo o cuidado e atenção,saio mais estúpido e pior."
Theodor Adorno - Minima Moralia

Já faz parte da mitologia do cinema o relato do pânico dos primeiros espectadores diante das imagens de "A Chegada de um Trem à Estação". Ninguém então seria capaz de dimensionar a fantástica transformação que o cinematógrafo representaria para o imaginário visual e simbólico do novo século. "A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica", concebida por Walter Benjamin em meados de 1930, já identifica as novas atitudes do público, realizadores e atores, transformados pelo progresso técnico e estético da invenção que se transforma em arte. O filósofo ainda apostava no potencial revolucionário das técnicas de reprodução, vendo o cinema como a típica manifestação artística do novo homem e suas formas de percepção modificadas no mundo moderno.

O "medium" seria um instrumento fundamental na tarefa da politização da arte, confirmando a perda da aura, que inseria as formas estéticas anteriores no âmbito da tradição, do culto. A práxis tomaria este lugar: esse era o caminho para combater o fascismo, cuja estratégia consistia em estetizar a política e a guerra. O conceito ainda paradigmático de aura escapou à lógica de Benjamin, mostrando-se capaz não só de sobreviver ao choque provocado pelas modernas técnicas de reprodução, como cristalizando-se exatamente dentro deste novo espaço. A obra de arte burguesa cederia seu lugar, conforme apontaram Theodor Adorno e Max Horkheimer na "Dialética do Esclarecimento", não à arte politizada pelo comunismo, mas aos produtos de uma onipresente indústria cultural.



Estas são algumas reflexões de alguns autores que leio muito ultimamente. Estou preparando meu TCC e ele vai falar justamente deste fenômeno salientado por Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural. É nela que meus esforços intelectuais vão estar fixados a partir de agora. Alguma coisa aconteceu neste capitalismo que cerceou a crítica, a reflexão, a ação revolucionária e que criou uma cúpula de isolamento em nossas cabeças. Isolamento em todos os sentidos; estamos isolados uns dos outros e, ao mesmo tempo, de nós mesmos. Esta é uma pretensa fase do mundo na qual nos iludimos em acreditar que ela é o fim da história; que não há nada mais a se conquistar a não ser direitos e demandas pessoais. A dominação agora se dá, além do plano capital X trabalho, no plano do inconsciente; manipulam nossas vontades; o fetiche ao qual Marx fala, no primeiro capítulo do Capital, nunca esteve tão em evidência. Em nenhuma outra sociedade se alimentar ou o ato de fazer sexo tornaram-se coisas tão banais. Hoje saciamos nossa fome com uma coxinha de um real, “qualquer um” mata a fome de calorias pelas mais grotescas “bombas” de gordura, e também, “qualquer um” faz um sexozinho na hora que bem entender, seja por telefone, seja pela interner, pela mão, por filme pornô, seja pela novela... Estas não são questões que centralizam os embates sociais, mas também não podemos deixar de analisá-las. Entretanto, a base material ainda persiste e o materialismo histórico é a chave para descobrimos a história humana. A indústria cultural, junto com tudo que ela representa, seria mais um complemento as formas de dominação burguesas do capital; ela integra, manipula e seduz. No entanto, não será desta vez que irei falar mais detalhadamente sobre estas questões, até porque elas ainda estão bem embrionárias. Agora vou falar um pouco sobre o meu gosto sobre documentários.

Há muito tempo quero escrever sobre documentários, até pensava em fazer deste tema meu objeto de estudos acadêmicos. Penso que o vídeo usa de recursos que “fogem” aos da própria escrita. Abusa de uma linguagem que não é comum, e nem poderia ser, na academia. Além de ser um texto - um documento, um registro - o filme documentado é, acima de tudo, uma mensagem. Esta, na sua complexidade, é regida de diversos signos e códigos que, por sua vez, podem adquirir os mais diversos significados e, cabe ao espectador decifrá-los.

Pra mim não há dúvidas de que o documentário é uma grande fonte de investigação e pesquisa. Além disso, um documentário bem feito tem toda a metodologia de um texto científico, todavia ele não chega à mesma objetividade do mesmo. O vídeo pode até propor isso, no entanto, sua apresentação, por mais maravilhosa que seja, não chega aos pés da minúcia reflexiva de um texto acadêmico. A câmera tem que ser usada como um elemento a mais, um anexo para deixar o leitor próximo à realidade transmitida pelo cientista social.

Os sistemas audiovisuais são aqui considerados em sua totalidade semiótica, ou seja, enquanto aparatos e enquanto linguagem. E, por tratarem de fenômenos cinematográficos (registro do movimento), em um sentido mais amplo, busquei em algum tipo de teoria cinematográfica alguns pontos de vista que pudessem dar o suporte necessário para o desenvolvimento dessa fundamentação teórica (até dá pra botar fé na minha literatura, mas não se enganem, ela é pura violência simbólica, puro arbitrário cultural!).



Todavia, o que se encontrei, foi uma tendência de se considerar qualquer tipo de manifestação audiovisual, como uma forma de manipulação de linguagem exercida pelo autor (ou autores) do discurso; que sempre mascararia uma possível ligação com a realidade. Desta colocação eu tratarei mais adiante. Eu aprecio muito este tipo de visão, apesar de estar todo o texto defendendo o uso dos documentários. As leituras que faço sobre os frankfurtianos me ajudaram a pensar criticamente esta relação do documentário: dominação X emancipação. Apesar de até agora eu não ter lido nada em específico que sinalize a opinião deles sobre o assunto já deu pra perceber pela citação de Adorno qual seria o comentário dele sobre essa minha inquietação. É claro que o documentário não emancipa ninguém, mas também ele não é só dominação.
Para transpor uma certa objetividade o documento visual preconiza uma certa neutralidade para com aquilo que aborda. Este fato, ao meu ver, não passa de uma abstração romântica de nossas cabeças, já que o documentário, como qualquer outro recurso, tem uma certa processualidade em torno de sua construção que é feita e dirigida de acordo com os interesses de quem o produziu. Mas, nem por isso, este recurso pode ser descartado, isto seria levar ao limite as considerações sobre o discurso neutro e a verdade. Se fossemos pensar assim não poderíamos acreditar em nada, pois tudo o que lemos, vemos e tocamos passou na mão de um “outro” antes da chegar na nossa ou, por outras palavras, nós não lemos ou aprendemos as coisas como elas são, mas sim como os “outros” querem que elas sejam. Esta é uma discussão muito engraçada e conspiratória, se construíssemos o mundo a partir deste pensamento poderíamos provocar o caos histórico no qual nada seria levado a sério. O mundo poderia ser implodido pela especulação dos fatos, seria o fim do comportamento dogmático. Mas, não podemos nos esquecer que atrás de toda ação existe um posicionamento político e é importantíssimo levar o engajamento para dentro da universidade. Nossos pensamentos podem ser os mais transgressores possíveis, podem desconstruir os mais sólidos dogmas, entretanto, se não levamos a cabo essas idéias, se não praticamos e não conduzimos na práxis não há porque fazer ciência. Mesmo o pensamento mais progressista se não posto em movimento vira a mais conservadora contemplação deste mundo. E temos que pensar na luta de classes como carro chefe desta práxis (essa parte é pra você André).

Segundo a enciclopédia Wikipédia o documentário “é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo compromisso com a exploração da realidade. Mas dessa afirmativa não se deve deduzir que ele represente a realidade tal como ela é. O documentário, assim como a ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.” O cinema documentário pode ser considerado como uma fonte de pesquisa e ensino da história? Sim, mas esse gênero cinematográfico pode, também, significar para realizadores, estudiosos e espectadores uma prova da "verdade", uma vez que trabalha diretamente com imagens extraídas da realidade. É comum se imaginar o filme documentário como a expressão legítima do real ou se crer que ele está mais próximo da verdade e da realidade do que os filmes de ficção. Poderíamos nos lembrar do Kozik – ou de outros marxistas dialéticos - quando ele diz que temos que apreender a realidade tal qual ela é, e não como nós pensamos que ela seja. Temos que fugir do mundo da pseudoconcreticidade. Todavia, no documentário a verdade não é o conhecimento do objeto no momento concreto, nem tampouco é a apreensão das contradições internas. O campo da verdade no documentário tem que passar por um processo mais imediato de reflexão, um baixo grau de mediação, no entanto, volto a frisar, nem por isso podemos descartar este imprescindível documento histórico. Só que de que forma vamos incorporara este recurso na academia? Como o documentário pode ser tratado cientificamente?

Por enquanto não há muitas respostas sobre este tema. Talvez seja hora agora de trabalhar melhor tudo o que foi escrito. Não vou desenvolver mais nada, por enquanto. Como pensar o documentário de forma dialética? É esta a inquietação que quero guardar disso tudo. Pensar dialeticamente implica em pensar as contradições deste discussão, e do próprio objeto em si. Agora você me perdoem mas eu vou durmir...foi muito para uma noite só.