terça-feira, março 29, 2011

Sobre o começo

Às vezes, parece que a coisa mais difícil que existe é começar. Por que sentimos tanto quando começamos algo? Por que é tão complicado dar início a alguma coisa? Começo me recorda narrativa, o início das histórias, o momento em que o movimento ganha forma material e nos faz esperar pelos fatos seguintes. De algum modo temos que colocar um ponto numa linha do tempo para dizer que aquele é o início, assim como nas corridas (a linha de largada). Então o começo é relativo, sempre está em conexão com um processo mais amplo que implica pressupor seu fim. Eu começo a escrever essas linhas e me pergunto sobre essas e outras questões. De onde começar? Começar o quê? Para quê? Se começo é início, o que havia antes? Quando sabemos realmente que começamos algo? Como temos provas concretas disso? O que é o começo fora da lógica que nos foi legada pelos gregos? Começar significa abrir mão do passado e gerar algo novo? É uma ruptura? É uma experiência? É um ponto determinado no tempo? Afinal, por que resolvi escrever depois de tantos anos? Se eu estabeleci um começo, é pelo fato de imaginar que possa dar conta de todo o resto. Então começo aqui algo que não sei o que é e nem para onde vai parar. Sinto apenas a necessidade de escrever.