quarta-feira, novembro 09, 2005

Decifrando enigmas ariovaldianos, ou, se você quiser, pode ser aquilo mesmo que está pensando, é uma homenagem a certas pessoas caricatas



- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Nas histórias em quadrinhos,
Das revistas, dos jornais...
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Há um tipo curioso e divertido até demais!
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
O lugar onde ele vive todos sabem que é MU...
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Quem ainda não ouviu falar de Brucutu?
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Mora só numa caverna, dorme mesmo é no chão.
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
O seu carro é um dinossauro e veste pele de leão
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Anda muito bem armado, briga sempre com prazer
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Traz consigo um machado e gosta mesmo é de bater.
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Mas no fundo Brucutu é bom



- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Seu amigo Fuzi é quem diz
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Deixa Hula até usar batom



Olha o jeito dele andar.
Brucutu um certo dia foi com Hula passear
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Foi ao baile que o rei Guz
Todo mês costuma dar
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Só porque outro rapaz
Pra sua noiva olhou
Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Brucutu ficou zangado
E seu nariz ele amassou.
- Olha o Brucutu, Bru-cu-tu!
Vai Brucutu, vai!
Olha o jeito dele andar...
Que foi que você disse
Eu...eu... nada, Brucutu!
Como é que você dá uma dessa, tchau!

Ouça a música de Roberto Carlos, é lisérgico!
http://radio.terra.com.br/busca/musicas.php?musica=Brucutu

terça-feira, outubro 18, 2005

Para não dizer que não falei de festas

Ninguém acreditou, mas...


Por incrível que pareça meu blog chegou a 1 ano de existência. Como que isso foi possível? Como tive tanta persistência em algo tão pouco usual para a maioria das pessoas?

Manter esse meio estranho de comunicação é algo um tanto quanto complicado, principalmente quando provas da Deise atrapalham os planos de escrever alguma coisa decente. Mas, para mim esse blog foi muito importante: primeiramente porque me fez entender um pouco (bem pouco) de HTML, e isso, a meu ver, já é uma vitória. A aparição deste site na minha vida é conseqüência do uso intenso de Internet neste período. Com a net à cabo eu ficava conectado o dia inteiro e, com um tráfego maior de kbps por segundo, era muito mais fácil procurar qualquer coisa neste vasto emaranhado de ilusão cibernética. Em segundo lugar, este blog me ajudou a extravasar meus pensamentos reprimidos (olha o Freud ai). Os que me conhecem sabem que não sou muito de falar, então, aqui eu escrevo até dar calo nos dedos (risos). Mas, voltando a prosa, a Internet me deixou viciado na futilidade mundana. A conexão à cabo era um perigo!


Coisa que hoje já é um pouco mais complicada. A net por telefone me obriga a ficar acordado até tarde (coisa muito tortuosa para mim {sic}) e a ficar pouco tempo na imensidão de informações. Nesta nova fase é muito mais difícil procurar as patologias mentais que divido com vocês. No começo eu até fiquei um pouco aborrecido por ter me desfeito da Internet rápida; como poderia viver sem este prazer tão intenso e satisfatório? Pois é, eu consegui!! No momento, sinto-me liberto deste cancro malévolo, agora tenho “tempo livre” para exercer os anseios do meu querido ócio produtivo. Não sinto nem um pouco de falta da rede virtual. É incrível como o sistema nos coloca demandas que achamos prioritárias, só que, quando nos demos em si vemos que não passa de um mero fetiche. O capital nos cria necessidade de fetiche e este último nos induz a desejos momentâneos e aparentes.



Como viver no século XXI sem a Internet? Sem alguma informação? Como é a sensação de não ter mais o mundo aos nossos olhos, ali, ao vivo e a cores? O que será da minha vida fora da “aldeia global” de McLuhan? Pois eu digo: existe vida e prazer para além das fibras ópticas! Não há mais em mim aquele desejo imediato de saber quais são as novas do mundo do cinema e quais as últimas da política brasileira. Estou liberto? Claro que não!



Lembro-me da época dos depoimentos na CPI. Puts! Eu não via a hora do Roberto Jéfferson começar a denunciar o esquema do mensalão. Ficava na expectativa do que Marcos Valério diria quando apertado pelos parlamentares. “Nossa! Amanhã vai ser o depoimento do Zé Dirceu!” Era só a mídia soltar a notícia que eu não me continha de ânsia. Pensava: “Hoje tudo deu errado, mas pelo menos alguma bomba estourou em Brasília. Vou grudar na frente da TV e assistir tudo de camarote!”. Pois é, era tudo ilusão. O que quer que acontecesse no Planalto ou na Câmara não ia mudar nada na minha cotidianeidade, e, pior, eu sabia que aquilo tudo era um grande circo no qual a grande atração era a nossa crendice fiel neste sistema injusto e contraditório. Apesar de tudo, eu adorava o barraco. É como um jogo, se entramos (ou somos incluídos, iludidos, seduzidos) queremos saber qual será o próximo capítulo. É uma estranha sensação de satisfação, de sentir parte daquilo tudo, como se agíssemos por meio dessas opções fictícias. O grande fenômeno Big Brother não se passa disso. E, não só ele, quase tudo na mídia, de uma maneira em geral, é feito para um consumo rápido (como se o conteúdo viesse mastigado) e um conseqüente descarte, isto, sem a mínima noção de qual é nosso papel em todo esse processo. É a alienação que Marx descreveu nos Manuscritos Econômico-Filosóficos no plano do trabalho fabril de uma maneira eficiente no terreno da dominação ideológica.“O trabalhador se relaciona com o produto de seu trabalho como a um objeto estranho (...) ele não é seu trabalho, mas o de outro, no fato de que não lhe pertence, de que no trabalho ele não pertence a si mesmo, mas a outro (...) um objeto estranho que o domina (...) coisa estranha, que não lhe pertence, a atividade como sofrimento (passividade)”. O velho Marx não se engana e nos dá a base para compreendermos esse complexo meio de persuasão e dominação. Só podemos analisar este analgésico fatal audiovisual se levarmos em conta as premissas do Estado Burguês, e tudo o que ele representa, todos os conflitos que são mascarados e harmonizados. Temos que descortinar esta realidade onírica. Não podemos nos fartar em revelar quais são os reais interesses dessa sociedade contraditória. Contradição esta que, começa na produção e se estende para todos os aspectos do campo social, partindo da infra-estrutura até chegar-se à super-estrutura. Não podemos nos esquecer que esta dominação também se realiza na música e nas artes, coisa que Adorno explicitou tão bem no seu instigante artigo: O fetichismo na música e a regressão da audição, que trata da fetichização da linguagem sonora sob as condições dadas pelos monopólios culturais e que, conseqüentemente ocasiona a incapacidade crescente do grande público de avaliar aquilo que é oferecido aos seus ouvidos pelos interesses mercadológicos. Adorno faz a recolocação do conceito marxiano de fetichismo no sentido de compreender sua especificiadede no tocante às mercadorias culturais.



Segundo Marx, o caráter de fetiche da mercadoria advém do fato de seu caráter de coisa esconder as relações sociais, de exploração do trabalho alheio pelo capital, que de fato a produzem. Daí a mercadoria se tornar algo misterioso, místico e “metafísico”: um objeto inanimado que parece ter vida própria, fora do controle tanto daqueles que o produzem, quanto daqueles que o consomem. Como disse Marx “não está escrito na testa do valor o que ele é”. Se na mercadoria “comum”, o caráter de fetiche diz respeito à ocultação do caráter de valor-trabalho que ela possui por meio da idolatria do seu aspecto de coisa – em que relações de exploração ficam como que submersas -, no bem cultural a suposta ausência de valor de uso (que na verdade é valor mediatizado) é hipostasiada no sentido de se transformar, ela própria, em valor de uso: a presumida inutibilidade como emblema, que, em vez de subverte o caráter mercantil do produto, acaba por reforçar o caráter de valor de troca que ele, em uma sociedade capitalista, necessariamente possui. Ou seja, somos nós que construímos esse valor de uso, que nos é injetado, mas que, na realidade, ele não existe. Aquilo que não serve para nada; só tem valor de troca.

Não vamos nos tornar seres melhores, mais críticos e reflexivos se consumirmos em doses cavalares essa grande indústria de lixo. E, ai sim, a percepção de Benjamin vai mais do que se tornar realidade, quando ele diz: “Nunca há um documento da cultura que não seja também um documento de barbárie”.

Não podemos deixar que o mundo da aparência se torne a essência do mundo, no qual, o que se vê e ouve é o que de fato existe. Eu aproveito o aniversário deste blog sem futuro para reiterar estas idéias. Temos que lutar contra a percepção fenomênica do mundo. É nela que a Indústria Cultural “deita e rola solta”, e produz um mundo aparentemente sem novas ideologias e que, conduz a uma sociedade com um rumo já previamente determinado no qual orienta a felicidade plena de pedalarmos numa bicicleta ergométrica dentro de um ônibus em movimento, no meio da cidade do Rio de Janeiro, e acharmos toda essa idiotice o máximo. Venha para o Mundo de Busbike e Liberte-se!





Lembremos dos Frankfurtianos, os quais foram duramente criticados por suas idéias de um mundo totalitário e sem perspectiva futura. Mundo no qual os agentes dotados do destino ontológico de nos conduzir para uma nova sociedade se dão de cara com um gigantesco arsenal ideológico que os cerceia de seu papel revolucionário. Os transgressores de Frankfurt diziam que nossa realidade não se trata de um regime totalitário, como o nazista, pois, “a liberdade formal de cada um está garantida”, mas de uma sociedade na qual só têm as melhores chances aqueles que se identificam inteiramente com o seu fundamento último: a exploração do trabalho alheio e, neste aspecto, a ciência mistificada e a indústria cultural são extremamente eficazes. Sutis por um lado, mas muito eficazes por outro.

Quero aproveitar este devaneio erudito para agradecer a duas pessoas que são muito importantes neste processo de vida de blogueiro, o André e a Tathi. Posso até estar meio equivocado, mas acho que eles são os únicos leitores do meu blog (risos). Pelo menos alguém lê as loucuras que escrevo, né? No entanto, o importante mesmo é escrever. Botar pra fora tudo o que quer dizer para alguém, mas com um pouco mais de calma do que numa conversa particular. É nisso que quero incentivá-los. Vamos juntos formar um grande blog anti-mistificação do mundo.

Sei que a Internet é uma merda. Como o professor José Flávio disse uma vez muito irado, num debate contra um seguidor do Gorz: “ Então viva o senso comum! A Internet vai nos libertar!”. Libertar é claro que não vai, mas vamos nos utilizar dela, fazer algo como que o louco do Jello Biafra disse uma vez: “não reclame da mídia, seja mídia!” Vamos ser mídia! Mesmo que de brincadeira, só para nossa satisfação cognitiva. Vamos fazer deste meio (criticamente) tal qual Benjamin via no cinema dos anos 30. O que pra ele era um grande meio progressista ao qual colocava os telespectadores confrontados linguagens revolucionárias esteticamente. Ele conciliava a crença na possibilidade de uma revolução socialista, a partir da massa politicamente organizada com a incontornável percepção de que os meios tecnológicos de manifestação estética tinham vindo para ficar. E é com este pensamento que termino o meu desabafo. Ufa! Achei que não iria terminar mais (risos). Vamos ser mídia e, ao mesmo tempo, ser os mais ferozes críticos dela. Vamos ser dialéticos e ajudar a transformá-la! Algo como Hegel disse uma vez e que serve no nosso caso: A Filosofia (assim como a teoria) tem de ser a estraga festas. E, neste caso, vamos estragar as festas, destoar da maioria, contestar e negar essa realidade mística.
Feliz Aniversário!

segunda-feira, outubro 17, 2005

Balzac, alguns trocos e a janela indiscreta


"A burocracia é um sistema gigantesco gerido por pigmeus" (Honoré de Balzac)

Balzac e a Costureirinha Chinesa (o filme que quero ver, parece interessante)

Por Henry Alfred Bugalho

Durante o regime maoísta na China Comunista, dois amigos, Lu e Ma, são enviado para as montanhas, por causa de suas orientações reacionárias (entenda-se ocidentalizantes), para passarem por um processo de reeducação. Neste local, eles devem aprender a se desapegarem de seus princípios capitalistas-ocidentais e descobrir como é a vida campesina revolucionária. Lá, Lu e Ma conhecem uma singela e ignorante costureirinha. O objetivo de ambos se torna, então, "civilizá-la".

Ao lerem livros proibidos, autores clássicos da literatura francesa como Balzac, Zola e Flaubert, os três criam um vínculo íntimo que os ligam à liberdade de pensamento e à ruptura de um autoritarismo intelectual. Não raro costuma-se propagar aos quatro ventos os efeitos sociais da literatura, de como ela pode mudar o mundo. Creio que poucos exemplos poderiam ser mais apropriados do que as mudanças radicais que os livros realizaram naquele pequeno vilarejo chinês perdido em meio a montanhas. O próprio processo de superação dos três acaba por se refletir em toda a vida daquelas pessoas humildes, que papagueiam ideais revolucionários sem mesmo saber o que eles significam, semelhante a muitos jovens, que se acham revolucionários sem ler (ou sem entender) Marx.

Balzac e a Costureirinha Chinesa é uma crítica, ao mesmo tempo que uma advertência, contra quaisquer princípios ditatoriais restritivos da liberdade de expressão e de como o saber e a cultura podem sim serem motores de mudanças. Ao contrário do materialismo dialético, no qual a super-estrutura acaba por refletir a infra-estrutura, aqui temos um inversão de papéis, a cultura e o ideal burguês-liberal explodindo de dentro o escopo limitado de um marxismo imbecilizado e imbecilizante.

Uma fotografia belíssima e um enredo envolvente faz deste filme uma das pérolas do cinema internacional. Inocentemente avassalador!

Confirmação de Fiscais==> Se você quer saber se vai ser fiscal do
vestibular do UEL mais uma vez clique ai. Eu acabei de ver e estou dentro.
60 reais só na primeira fase. Ih! Sociais...Sociais!!

Quer ver algo engraçado? Uma coisa que só poderia existir no Brasil. Algo tão estúpido e bizarro que nem a mente mais insana seria capaz de criar. É a contradição entre os avanços tecnológicos e a barbárie. Um complexo de complexos que só vendo para crer.Venha para o Mundo de Busbike e Liberte-se

sexta-feira, outubro 14, 2005

Vai chegar a nossa vez e...



Não me perguntem como eu achei o trecho que segue abaixo; coisas da net. Vejam como é super recompensador dar uma aula de sociologia. Nós realmente conseguimos mudar a cabeça dos aluninhos.

APU YO SERES DO MUNDO BOLA!

aki é a RockA...

pudim de cara nova! mas ainda tem muito o que fazer por aqui....
aguardem novidades!

vim pra comentar minha insatisfação com a primeira aula de sociologia...
a professora "Stefônia" falava falava e não ia pra nenhum lugar... tipo...mais nada haver saca.... deu sono cara....
do tipo:

"-BOM DIA ALUNOS! VIM FALAR SOBRE SOCIOLOGIA! ENTÃO, O QUE É SOCIOLOGIA? AS TSUNAMIS QUE ATACARAM A ÁSIA TEM HAVER COM QUESTÕES CULTURAIS! SOCIOLOGIA ESTUDA O SOCIAL... E O QUE É SOCIOLOGIA? O ILUMINISMO ANTIGAMENTE..."

detalhe na aula:

Pritz fingindo q entendeu: "...aaaaahhh!!!!... ó_ò"" *que magiko!* "
Fofyx revoltada por saber mais q a prof: "...bla bla bla.... u_Ù"
Tata voando: "hêahãê!! ^_^ *babando*"
RockA segurando pra não rir: "brup.....kkkkkkk!!!! *lê o quadro* stefônia!!! kkkkk!!!!!....hehe..tsunami...brup...hehehe..iluminismo..*se esconde debaixo da mesa*..tssss....hehhehehhahaha!!!! kkkkkkkkk!!!!!! SOCIOLOGIAAAA!!! KÁKÁKÁKÁKÁKÁKÁKÁ!!!!!!! *bate a cabeça na cadeira!*"

rss....pow.... não consegui segurar...
tipo, axamos q foi a primeira aula q a mulher deu... e foi realmente um desastre...mas as bolinhas vão tentar colaborar na próxima....

mas como eu ia dizendo...
a sociologia...kkkkkk


PRITZ BATIZOU JUJUBA COMO BOLINHA NATA DO PUDIM!
*_____* jujuba mais spuletinha do mundo!! bixinho saltitante mais lindo de todos!!!
ela ta indo pro rj amanha....
pensei em matar aula pra ver ela...
mas axo q não vou fazer isso...

engraçado...meus posts são mais pra família pudim mesmo...
bah....
to sem criatividade...

hoje pritz me ligou...xamando pra ir na tal pump...
eu disse q nao ia...aiuehiaeuueah, dae ela insistiu tanto q eu fui....
tomei um banho pra tirar a crosta de sebo acumulada pelo corpo
e fui de encontro a bolinha lhama...
nem dançamos...
tava xeio de pessoas fominhas la....
hehehehe, pritz se decepcionou...
se bem q eu nem ia conseguir dnaçar msm....


mas o q importa na verdade.. é "lhama lhama lhama lhama lhama duck!" aiuehaiueh


OBS: ainda to tentando descobrir o que é sociologia...rs

bju da gorda!
RockAju


Procura-se Marx, alguém já ouviu falar dele?

Olá genti!!! Todo belê?! Puts, Ctba é pirada mesmo... ontem tava um super clima de inverno, e hj tá um sol super ardido!!! Loucura, né?!
Ai, hj eu tive uma aula SUPER chata de SOCIOLOGIA... Ui, é a única matéria que eu ODEIO!!! Que pé no saco... Hi, hi, hi... Mas é a vida, né?! Do jeito que eu to AMANDO meu curso de Jornalismo, eu vou ter que tentar esquecer dessa aula chata e lembrar apenas das boas!!
Antes de qualquer coisa, eu queria falar aqui pro Fernando, que deixou um coment. onti, que a gente NASCEU e moramos a vida INTEIRA aqui em Ctba, então nós já estamos acostumadas, e podemos afirmar mesmo que amamos essa city, belê?! Mas valew pelas “Boas Vindas”!! Hua, hua... Continue nos visitandu, viu?!

Então... quais news eu vou colocar pra vc’s?! Ah, vc’s sabem que (apesar de ser jornalista) eu não tenho mto tempo pra ver as notícias do mundo dos famosos!!! Hi, hi, hi... Uma coisa que eu queria colocar nesse tempo que a genti ficou fora, e que nunca dava, é que meu irmão arranjou uma fita com um MONTE de episódios daquele seriado “Jackass” (*Caras de pau)... Meu Deus, os caras são PI-RA-DOS!!!! Muito doidos malucos d+!!!! Só que não era bem disso que eu queria falar... queria mesmo é falar do JOHNNY KNOXVILLE!!!


quinta-feira, outubro 13, 2005


Sociais! Da esquerda para a direita: Stela, Camillo, Willian, Berta, Fl�via, Eric, Andr�, Marcela, Morsa e Leonardo.

As imagens da ciência



"De cada ida ao cinema, apesar de todo o cuidado e atenção,saio mais estúpido e pior."
Theodor Adorno - Minima Moralia

Já faz parte da mitologia do cinema o relato do pânico dos primeiros espectadores diante das imagens de "A Chegada de um Trem à Estação". Ninguém então seria capaz de dimensionar a fantástica transformação que o cinematógrafo representaria para o imaginário visual e simbólico do novo século. "A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica", concebida por Walter Benjamin em meados de 1930, já identifica as novas atitudes do público, realizadores e atores, transformados pelo progresso técnico e estético da invenção que se transforma em arte. O filósofo ainda apostava no potencial revolucionário das técnicas de reprodução, vendo o cinema como a típica manifestação artística do novo homem e suas formas de percepção modificadas no mundo moderno.

O "medium" seria um instrumento fundamental na tarefa da politização da arte, confirmando a perda da aura, que inseria as formas estéticas anteriores no âmbito da tradição, do culto. A práxis tomaria este lugar: esse era o caminho para combater o fascismo, cuja estratégia consistia em estetizar a política e a guerra. O conceito ainda paradigmático de aura escapou à lógica de Benjamin, mostrando-se capaz não só de sobreviver ao choque provocado pelas modernas técnicas de reprodução, como cristalizando-se exatamente dentro deste novo espaço. A obra de arte burguesa cederia seu lugar, conforme apontaram Theodor Adorno e Max Horkheimer na "Dialética do Esclarecimento", não à arte politizada pelo comunismo, mas aos produtos de uma onipresente indústria cultural.



Estas são algumas reflexões de alguns autores que leio muito ultimamente. Estou preparando meu TCC e ele vai falar justamente deste fenômeno salientado por Adorno e Horkheimer, a Indústria Cultural. É nela que meus esforços intelectuais vão estar fixados a partir de agora. Alguma coisa aconteceu neste capitalismo que cerceou a crítica, a reflexão, a ação revolucionária e que criou uma cúpula de isolamento em nossas cabeças. Isolamento em todos os sentidos; estamos isolados uns dos outros e, ao mesmo tempo, de nós mesmos. Esta é uma pretensa fase do mundo na qual nos iludimos em acreditar que ela é o fim da história; que não há nada mais a se conquistar a não ser direitos e demandas pessoais. A dominação agora se dá, além do plano capital X trabalho, no plano do inconsciente; manipulam nossas vontades; o fetiche ao qual Marx fala, no primeiro capítulo do Capital, nunca esteve tão em evidência. Em nenhuma outra sociedade se alimentar ou o ato de fazer sexo tornaram-se coisas tão banais. Hoje saciamos nossa fome com uma coxinha de um real, “qualquer um” mata a fome de calorias pelas mais grotescas “bombas” de gordura, e também, “qualquer um” faz um sexozinho na hora que bem entender, seja por telefone, seja pela interner, pela mão, por filme pornô, seja pela novela... Estas não são questões que centralizam os embates sociais, mas também não podemos deixar de analisá-las. Entretanto, a base material ainda persiste e o materialismo histórico é a chave para descobrimos a história humana. A indústria cultural, junto com tudo que ela representa, seria mais um complemento as formas de dominação burguesas do capital; ela integra, manipula e seduz. No entanto, não será desta vez que irei falar mais detalhadamente sobre estas questões, até porque elas ainda estão bem embrionárias. Agora vou falar um pouco sobre o meu gosto sobre documentários.

Há muito tempo quero escrever sobre documentários, até pensava em fazer deste tema meu objeto de estudos acadêmicos. Penso que o vídeo usa de recursos que “fogem” aos da própria escrita. Abusa de uma linguagem que não é comum, e nem poderia ser, na academia. Além de ser um texto - um documento, um registro - o filme documentado é, acima de tudo, uma mensagem. Esta, na sua complexidade, é regida de diversos signos e códigos que, por sua vez, podem adquirir os mais diversos significados e, cabe ao espectador decifrá-los.

Pra mim não há dúvidas de que o documentário é uma grande fonte de investigação e pesquisa. Além disso, um documentário bem feito tem toda a metodologia de um texto científico, todavia ele não chega à mesma objetividade do mesmo. O vídeo pode até propor isso, no entanto, sua apresentação, por mais maravilhosa que seja, não chega aos pés da minúcia reflexiva de um texto acadêmico. A câmera tem que ser usada como um elemento a mais, um anexo para deixar o leitor próximo à realidade transmitida pelo cientista social.

Os sistemas audiovisuais são aqui considerados em sua totalidade semiótica, ou seja, enquanto aparatos e enquanto linguagem. E, por tratarem de fenômenos cinematográficos (registro do movimento), em um sentido mais amplo, busquei em algum tipo de teoria cinematográfica alguns pontos de vista que pudessem dar o suporte necessário para o desenvolvimento dessa fundamentação teórica (até dá pra botar fé na minha literatura, mas não se enganem, ela é pura violência simbólica, puro arbitrário cultural!).



Todavia, o que se encontrei, foi uma tendência de se considerar qualquer tipo de manifestação audiovisual, como uma forma de manipulação de linguagem exercida pelo autor (ou autores) do discurso; que sempre mascararia uma possível ligação com a realidade. Desta colocação eu tratarei mais adiante. Eu aprecio muito este tipo de visão, apesar de estar todo o texto defendendo o uso dos documentários. As leituras que faço sobre os frankfurtianos me ajudaram a pensar criticamente esta relação do documentário: dominação X emancipação. Apesar de até agora eu não ter lido nada em específico que sinalize a opinião deles sobre o assunto já deu pra perceber pela citação de Adorno qual seria o comentário dele sobre essa minha inquietação. É claro que o documentário não emancipa ninguém, mas também ele não é só dominação.
Para transpor uma certa objetividade o documento visual preconiza uma certa neutralidade para com aquilo que aborda. Este fato, ao meu ver, não passa de uma abstração romântica de nossas cabeças, já que o documentário, como qualquer outro recurso, tem uma certa processualidade em torno de sua construção que é feita e dirigida de acordo com os interesses de quem o produziu. Mas, nem por isso, este recurso pode ser descartado, isto seria levar ao limite as considerações sobre o discurso neutro e a verdade. Se fossemos pensar assim não poderíamos acreditar em nada, pois tudo o que lemos, vemos e tocamos passou na mão de um “outro” antes da chegar na nossa ou, por outras palavras, nós não lemos ou aprendemos as coisas como elas são, mas sim como os “outros” querem que elas sejam. Esta é uma discussão muito engraçada e conspiratória, se construíssemos o mundo a partir deste pensamento poderíamos provocar o caos histórico no qual nada seria levado a sério. O mundo poderia ser implodido pela especulação dos fatos, seria o fim do comportamento dogmático. Mas, não podemos nos esquecer que atrás de toda ação existe um posicionamento político e é importantíssimo levar o engajamento para dentro da universidade. Nossos pensamentos podem ser os mais transgressores possíveis, podem desconstruir os mais sólidos dogmas, entretanto, se não levamos a cabo essas idéias, se não praticamos e não conduzimos na práxis não há porque fazer ciência. Mesmo o pensamento mais progressista se não posto em movimento vira a mais conservadora contemplação deste mundo. E temos que pensar na luta de classes como carro chefe desta práxis (essa parte é pra você André).

Segundo a enciclopédia Wikipédia o documentário “é um gênero cinematográfico que se caracteriza pelo compromisso com a exploração da realidade. Mas dessa afirmativa não se deve deduzir que ele represente a realidade tal como ela é. O documentário, assim como a ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.” O cinema documentário pode ser considerado como uma fonte de pesquisa e ensino da história? Sim, mas esse gênero cinematográfico pode, também, significar para realizadores, estudiosos e espectadores uma prova da "verdade", uma vez que trabalha diretamente com imagens extraídas da realidade. É comum se imaginar o filme documentário como a expressão legítima do real ou se crer que ele está mais próximo da verdade e da realidade do que os filmes de ficção. Poderíamos nos lembrar do Kozik – ou de outros marxistas dialéticos - quando ele diz que temos que apreender a realidade tal qual ela é, e não como nós pensamos que ela seja. Temos que fugir do mundo da pseudoconcreticidade. Todavia, no documentário a verdade não é o conhecimento do objeto no momento concreto, nem tampouco é a apreensão das contradições internas. O campo da verdade no documentário tem que passar por um processo mais imediato de reflexão, um baixo grau de mediação, no entanto, volto a frisar, nem por isso podemos descartar este imprescindível documento histórico. Só que de que forma vamos incorporara este recurso na academia? Como o documentário pode ser tratado cientificamente?

Por enquanto não há muitas respostas sobre este tema. Talvez seja hora agora de trabalhar melhor tudo o que foi escrito. Não vou desenvolver mais nada, por enquanto. Como pensar o documentário de forma dialética? É esta a inquietação que quero guardar disso tudo. Pensar dialeticamente implica em pensar as contradições deste discussão, e do próprio objeto em si. Agora você me perdoem mas eu vou durmir...foi muito para uma noite só.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Artigo publicado no Boletim n°48 Revista da Área de Humanas

“Os suspeitos de sempre”: o anticomunismo brasileiro em dois momentos

Francisco César Alves Ferraz e Leonardo de Lucas da Silva Domingues


A cena do filme é bem conhecida. Numa cidade do Marrocos francês, encontravam-se, durante a Segunda Guerra Mundial, todos os tipos de refugiados do nazismo, aguardando na cidade uma forma, legal ou ilegal, de fugir para os Estados Unidos. Enquanto aguardavam a oportunidade, essas pessoas se envolviam com os escroques locais e/ou aderiam à clandestina seção local da resistência antifascista. Sua vida não era nada fácil. A cada pequena alteração da ordem pública, o corrupto chefe de polícia da cidade dava a ordem básica aos seus subordinados: “prendam os suspeitos de sempre”. E dezenas de pessoas eram levadas aos cárceres locais.

Toda sociedade possui seus “suspeitos de sempre”. Mas no Ocidente, e particularmente no Brasil, os “suspeitos de sempre” possuíam opiniões políticas geralmente bem definidas: eram os comunistas e aqueles que, segundo as autoridades de repressão política, inadvertidamente favoreciam com suas atitudes ou omissões, sua expansão. O objetivo deste artigo é fazer uma reflexão, a partir da obra de Rodrigo Patto de Sá Motta , sobre algumas das estruturas e práticas das políticas anticomunistas no Brasil.

As bases para o anticomunismo no país são anteriores aos impactos da revolução russa de 1917. Numa sociedade recém emergida da escravidão, patronato e autoridades sempre encaravam os protestos e manifestações políticas das classes trabalhadoras de maneira semelhante: a questão social deveria ser tratada como questão de polícia, e com a violência de praxe dispensada aos tumultuadores da ordem social. Idéias socialistas, anarquistas e comunistas encontraram inicialmente dificuldades para disseminar-se nas massas proletárias urbanas brasileiras, marcadas por séculos de latifúndio, patriarcalismo e escravidão. “Isso é coisa de imigrante”, acusavam as autoridades. E tome perseguições aos elementos “nocivos”, “movidos por ideologias alienígenas”, que visavam corromper o povo honesto, ordeiro e trabalhador.

Assim, enquanto o anticomunismo nos principais centros capitalistas enfrentava trabalhadores alfabetizados e com tradições de luta que perpassavam gerações, a versão brasileira do anticomunismo combinava a violência senhorial da ordem social extinta com a violência patronal da nova ordem. Direitos que já eram desfrutados por trabalhadores europeus e norte-americanos eram negados aos trabalhadores brasileiros. Protestos proletários aceitos ou tolerados nos centros capitalistas eram considerados, pela elite brasileira, grave subversão à ordem. É sobre estas bases que o anticomunismo no país ganha força, a partir do sucesso da revolução russa de 1917.

A imagem era apocalíptica. O mal que assolava o Oriente estava prestes a desembarcar em costas brasileiras. O cheiro da ameaça vermelha pairava no ar. Seres imorais, malignos e dotados de patologias malévolas estavam se infiltrando, se alastrando, trazendo consigo a doutrina satânica do império do poder das trevas. Esses malfeitores covardes iriam escravizar nosso povo, promovendo estupros, assassinatos e a destruição da ordem. Sem piedade e humanidade, os bestiais traiçoeiros levariam o pecado em suas insígnias e, indo contra nossos bons costumes, iriam incentivar o divórcio, o amor livre e o aborto. A evocação da foice e o martelo, por fim, traria uma nuvem carregada de pesadelos transubstanciados na forma de um dragão vermelho, de um monstro alado de sete cabeças que pretendia destruir o bem, a pureza e a verdade.

O apocalipse estava anunciado e os heréticos inimigos da religião estavam preparados para a guerra. Do outro lado da batalha estava a união sagrada: uma aliança entre integralistas, liberalistas e católicos (munidos de rosários e imagens de Nossa Senhora de Fátima) que, apesar de suas divergências, tinham um inimigo em comum: o comunismo.

Este é o cenário apresentado por Motta, no seu livro sobre a história do anticomunismo no Brasil. O anticomunismo é aqui tratado como um dos fatores primordiais que refletiriam duas épocas de potencial centralização do poder, 1935-1937 e 1961-1964, duas conjunturas de exaltação social e acirramento ideológico intensos. E não por mera coincidência, a “ameaça vermelha” foi utilizada como pretexto para instaurar e legitimar dois períodos de dramática ruptura institucional: o Estado Novo e o Golpe Militar.

O autor faz sua análise partindo dos primórdios do anticomunismo no Brasil, período que ele sinaliza entre 1917-1935. O primeiro grande fato e o maior deles é a Revolução bolchevique. Seria dentro desse contexto que o comunismo se concretizaria e tomaria dimensão mundial, o que marcaria uma época de profundas crises, algumas delas devido ao fim da guerra e outras oriundas da crise de 1929.

Nesse momento (até 1930), a ameaça comunista era considerada bem remota, tinha mais a ver com o velho mundo a qual pertencia. Para os brasileiros, não se passava de uma realidade distante, apesar da ocorrência de muitas greves, certas agitações políticas e também do crescimento, na estrutura organizacional e na influência na organização política de alguns setores da sociedade, do Partido Comunista do Brasil (PCB).

A preocupação das autoridades de plantão aumentou quando os comunistas começaram a exibir sua capacidade de articulação com outros grupos políticos, como os socialistas, alguns liberais antifascistas e os militares, principalmente no Exército, culminando com a liderança comunista na Aliança Nacional Libertadora (ANL). Conseqüentemente, os grupos políticos à direita não tiveram outra escolha a não ser propagar uma ofensiva aos “vermelhos”. O levante comunista frustrado, em novembro de 1935, “facilitou” seu trabalho, e proporcionou uma “caça às bruxas” sem precedentes . Um Tribunal de Segurança Nacional foi instituído e os direitos civis das democracias liberais foram desprezados. Prisões arbitrárias, torturas, assassinatos e deportações de militantes comunistas estrangeiros constituíram o efeito mais imediato do levante fracassado. Mas o pior estava por vir. Sob o signo do perigo vermelho, o Exército toma para si a bandeira anticomunista, apelando para a imagem forjada de dupla traição dos militares “vermelhos”: à pátria (estariam a serviço de uma potência estrangeira) e aos companheiros (os teriam assassinado desarmados, enquanto estavam adormecidos em suas camas). Cria-se o mito da “Intentona Comunista”. Não importa que os processos levados a cabo pelos próprios tribunais militares tivessem desmentido essa versão. O mito institucionalizou-se e foi rememorado pela instituição militar até o fim da década de 80.

Mitos, contudo, somente se enraízam se contarem com participação das sociedades nas quais eles se inscrevem. E o terreno para a satanização do comunismo era fértil, no país. Para as representações acerca da “ameaça vermelha”, uniram-se três matrizes ideológicas básicas e tradicionais: o catolicismo, o nacionalismo e o liberalismo. A Igreja Católica assumiu o embate como uma luta entre o bem e o mal, Cristo versus Anticristo, Roma versus Moscou, o poder da fé contra o comunismo ateu. Com certeza era a mais dedicada, a mais influente e melhor estruturada forma de ataque. Objetivava renovar a confiança e hegemonia no quadro político-social brasileiro que detinha em outras épocas. Muito abalada desde a Proclamação da República e seu distanciamento com o Estado, na luta anticomunista a Igreja correu atrás do prejuízo e mostrou a reafirmação do poder eclesiástico. Outra matriz importante foi o nacionalismo: centralizador e tradicional, foi originário de modelos conservadores do séc XIX. Enfatizava a defesa da ordem e a integração nacional, repudiava as posições internacionalistas dos comunistas (“o bolchevismo apátrida”) e, dentre seus membros, participavam militares das Forças Armadas e militantes da Ação Integralista Brasileira (AIB). O Liberalismo, por fim, acenava com a defesa dos princípios a propriedade privada e a democracia. Conseguiu contribuir com a propaganda anticomunista através de críticas ao intervencionismo estatal e a supressão de liberdades individuais. Como as liberdades individuais e coletivas costumam ser as primeiras vítimas dos regimes autoritários baseados no anticomunismo , a crítica liberal ao comunismo mostra claramente seus limites, e usualmente, constitui o menos significativo movimento contra o “mal vermelho”.

Esses são os alicerces da complexa construção de representações que potencializaram os soviéticos como os seres mais perversos do planeta. Para isso, a fértil imaginação humana os apresentou como demônios, como agentes patológicos, como uma terrível ameaça estrangeira que nos levaria à imoralidade. Menções de natureza diversa como “o polvo vermelho e seus tentáculos”, “lobo moscovita”, “filhos das trevas”, “carrapatos vermelhos”, “micróbio comunista” começam a ser cotidianas. E vem ainda a temática da moral com o mais sensacional arsenal de alusões a comunistas, responsabilizando-os por orgias, estupros, incestos e até pela “socialização de mulheres”. Isso, sem falar nas representações depreciativas que foram construídas em relação à União Soviética, à “Intentona Comunista” e a Luiz Carlos Prestes.

Poucas fontes poderiam documentar tão bem essas construções como a iconografia anticomunista. Motta interpreta um variado acervo de imagens anticomunistas e as divide em temas que vão desde o comunismo satânico até representações menos metafísicas, como a influência internacional e as disputas eleitorais. São imagens de forte apelação, com mensagens de grande impacto. Profanação de igrejas, rituais satânicos, destruição de crucifixos, assassinos sanguinários e estupradores fazem parte dessa seleção.

O público não recebe tais imagens e mensagens passivamente. A sociedade civil organizada entra neste contexto como aliada fiel aos órgãos de repressão do Estado. Dezenas de grupos surgem, com as mais variadas atuações possíveis: da formação da Cruzada Brasileira Anticomunista (CBA), ligada à Marinha, à adesão a organismos internacionais, com a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), composta por militantes católicos de extrema direita. Juntos, a CBA (militares) e a TFP (religiosos) formam o tronco do anticomunismo brasileiro. Quanto à parte mais “suja” do combate aos esquerdistas, os responsáveis são as organizações terroristas. Por isso, Motta se vê na necessidade de fazer um apanhado geral sobre elas, trazendo principalmente as ações do Movimento Anticomunista (MAC) e do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).

Para dar legitimidade a todas essas ações, foi montada uma verdadeira “indústria” do anticomunismo, tentando manipular a população e tirar proveito do terror implantado. Muitos desejavam auferir vantagens com a “ameaça”: órgãos da imprensa, grupos e líderes políticos, a igreja, os órgãos de repressão. É claro que havia sólidas convicções individuais na maioria dos anticomunistas brasileiros. No entanto, é inegável que as vantagens de ser anticomunista, em termos de conquista de poder sobre outros grupos de pessoas e mesmo em termos materiais, fazia da militância anticomunista algo bastante atraente . O oportunismo político era prática comum entre alguns líderes e somente o fato de se acusar alguém de subversão, já bastava para assegurar ambições conquistadas através de penalidades impostas a muitos desafetos ou concorrentes .

Em Motta, dois grandes momentos históricos têm uma análise mais detalhada. O período compreendido entre 1935-1937 é caracterizador da primeira grande “onda” anticomunista. Do levante de 35 até o Estado Novo, a ideologia marxista foi o pretexto chave para a centralização do poder, a repressão e as torturas. Tudo foi legitimado em nome do combate ao inimigo ateu. Motta destaca ainda, nesse contexto, o papel dos órgãos de propaganda e a “descoberta” do Plano Cohen, cuja falsidade é tão grotesca quanto sua aceitação pelas elites políticas brasileiras, veladamente ansiosas pelo fechamento institucional.

A segunda conjuntura destacada é a de 1961-1964, período marcado por um anticomunismo mais refinado e por uma época de profunda agitação político-sociocultural. A politização e mobilização mais aprofundada das classes trabalhadoras urbanas, bem como a crescente organização dos trabalhadores rurais, exigiam estratégias de enfrentamento ao perigo vermelho mais complexas. A crise da renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, ofereceu à esquerda e aos anticomunistas um ensaio de enfrentamento. A partir de então, não haveria mais espaços para amadorismos. Financiados por generosas contribuições de empresariais nacionais e multinacionais, aglutinados em instituições aparentemente sem finalidades golpistas, como o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPÊS) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), elites políticas, empresariais, intelectuais e militares preparavam e executavam suas estratégias de ação de classe . A campanha ideológica avançou em jornais, revistas, rádios, televisão, cinejornais, etc. Títulos como “UNE: instrumento de subversão”, “Cuba: nação independente ou satélite?”, “Como os vermelhos preparam uma arruaça”, “Governo: empreendedores de comunismo”, “Do comunismo de Karl Marx ao Muro de Berlim”, ganharam as livrarias e bancas de jornais e revistas, em edições acessíveis a todos os bolsos . A Igreja ofereceu de bom grado sua colaboração, em aliança com várias entidades anticomunistas femininas, culminando com a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em março de 1964.
Golpes, porém, não se fazem apenas com palavras. Setores estratégicos das forças armadas, principalmente no Exército, estavam articulados com as forças golpistas supra citadas, mas não ousavam avançar contra o governo Goulart, temendo uma divisão irremediável na instituição militar, que poderia ter como conseqüência uma guerra civil. Reconheciam que, apesar de toda a doutrinação anticomunista nos quartéis, havia ainda oficiais e praças “vermelhos” espalhados pelas unidades do país. A revolta dos marinheiros e a condução titubeante que o presidente João Goulart deu à crise militar que se seguiu contribuiu para o desfecho final: golpe de Estado, início do regime militar, perseguição implacável aos “suspeitos de sempre”.

No processo de institucionalização do regime, o anticomunismo foi erigido em política de Estado. Dentro das forças armadas, a “limpeza” interna de oficiais e praças comunistas ou mesmo vagamente suspeitos foi realizada com mão de ferro. Futuros oficiais aprendiam na academia militar que deveriam preparar-se prioritariamente para combater o inimigo interno, enquanto que a defesa do país a ataques externos era deixada em segundo plano. Instituições civis, como universidades, órgãos de imprensa e a Igreja sofreram perseguições sistemáticas e vários de seus membros foram presos e torturados. Alguns, mais afortunados, ainda puderam exilar-se no exterior. Espionagem e polícia política conquistaram autonomia para ação, e a “tigrada” – denominação que Delfim Neto, então ministro da ditadura, dava aos membros dos órgãos de repressão – podia agir sem obstáculos .

Nesses dois momentos cruciais da vida política brasileira – a crise que levaria ao Estado Novo e a crise que desencadeou o golpe de Estado contra João Goulart e instaurou o regime militar – o anticomunismo inspirou o percurso que terminaria em duas ditaduras. A escolha de Motta por estes dois momentos, no entanto, não deve desviar a atenção dos interessados na história recente do país da existência de uma continuidade do anticomunismo em outros momentos, nos quais alguns dos apelos contra o “perigo vermelho” reapareceram e até mesmo se adaptaram aos novos tempos, como por exemplo, o processo de cassação do PCB e de seus parlamentares, em 1947, ou mesmo na campanha presidencial de Fernando Collor de Mello, em 1989, quando todos os elementos imagéticos do anticomunismo foram explorados à exaustão, contra o então candidato Luis Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores.

A crise dos regimes socialistas no final da década de 80 e a construção de uma nova ordem mundial pós guerra fria forneceu a ilusão de que o anticomunismo já era um fenômeno histórico datado, um ideal de combate a um inimigo que não oferecia mais resistência. Contudo, seus princípios e práticas continuam, embora atenuados, na gestão neoliberal da sociedade. Para definir esses novos tempos, poucas vezes foi tão oportuno retomar a palavra “Imperialismo”, em todas suas acepções. As resistências ao pensamento macroeconômico único, à geopolítica unipolar norte americana, às práticas de sociabilidade baseadas no consumo individualista voraz e fugaz de mercadorias e serviços, às políticas governamentais de um mal disfarçado neodarwinismo social, à insensibilidade frente à miséria absoluta de milhões em países e regiões inteiras do planeta, ainda movem centenas de milhares de pessoas no mundo inteiro. Para estes, as práticas renovadas do anticomunismo oferecem suas duas estratégias preferidas: uma é escarnecer dos “neobobos” utópicos, atrelando-os a pecha do “atraso”. Quando esta não funciona, quando a hegemonia do pensamento único não se efetiva completamente pelo convencimento, os meios de coerção estão sempre à mão. Seguindo o princípio já enunciado pelo chefe de polícia de “Casablanca”, nessas horas, é sempre bom ter “os suspeitos de sempre” para perseguir: esquerdistas, islâmicos, “radicais”, enfim, os diferentes, aqueles que sempre desafinaram o coro dos contentes.

domingo, julho 24, 2005

A criminalidade de butique

por Túlio Lima Vianna

Em 1940, Edwin H. Sutherland publicou um ensaio na American Sociological Review intitulado “White-Collar Criminality” no qual tratava de um tipo de criminalidade até então muito pouco discutida na criminologia: a criminalidade econômica, praticada por pessoas ocupantes de posições sociais de prestígio. A expressão “colarinho branco”, uma alusão às camisas usadas pelos empresários, tornou-se então a marca do diferencial de classe nas ciências penais.

A recente prisão da dona da butique Daslu e a conseqüente reação dos setores hegemônicos da sociedade aos supostos excessos da polícia federal é a prova cabal de que há algo muito especial que difere a “white-collar criminality” ou, em uma tradução livre, a criminalidade de butique, da criminalidade genérica encontrada nas ruas das grandes metrópoles.

Tomemos a nota oficial da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre o caso:

"A prisão antecipada, sem sentença, seja qual for sua natureza, só pode ter lugar para os infratores perigosos que ameaçam a ordem pública, que causam prejuízos irreparáveis à sociedade e à própria segurança dos processos judiciais."

A criminalidade de butique não é perigosa? Os criminosos ricos não ameaçam a ordem pública? A sonegação de impostos não causa prejuízos irreparáveis à sociedade? Os empresários não têm maior chance de fugir do Brasil e, com isso, ameaçar a segurança dos processos judiciais?

Quem afinal a FIESP considera um criminoso perigoso? O ladrão de carteiras, de carros, de bancos? Quem é mais perigoso para a sociedade o ladrão ou o sonegador? Quem se apropria do dinheiro privado ou do dinheiro público?

Segue a nota afirmando que:
"O combate à criminalidade não pode prescindir do respeito ao Estado de Direito, sendo inadmissível que alguém possa ser preso, ou tenha sua residência, escritório ou empresa violados sem que a segurança de sua prévia culpa esteja evidenciada e que, pior ainda, seja essa prisão realizada de modo extravagante, com exibição de algemas, com publicidade afrontosa, como um espetáculo pirotécnico, expondo o cidadão à condenação pública, para todo o sempre."

Todos os dias favelas e barracos são invadidos pela polícia sem que “a segurança de prévia culpa” de quem quer que seja esteja evidenciada. Alguma vez a FIESP divulgou nota oficial sobre isso? Todos os dias ladrões e traficantes são presos, algemados e levados à delegacia onde são exibidos em cadeia nacional de televisão para alívio dos “homens de bem”. Isso nunca incomodou os empresários da FIESP?

O que incomoda à FIESP e à maioria dos que levantaram suas vozes para defender os direitos da empresária não é propriamente o desrespeito aos direitos do acusado, mas a prisão de alguém de sua classe social. O que incomoda é saber que sonegação de impostos é crime e que, pelo desencadear dos fatos, muitos colegas podem acabar em situação semelhante. O que incomoda é a perda da imunidade penal de uma classe, representada simbolicamente por esta prisão.

Enquanto a mídia se limitava a cobrir as ações policiais em favelas, reafirmando o estereótipo do pobre bandido, a FIESP nunca se indignou com a “pirotecnia” das reportagens. Bastou os colarinhos-brancos e as roupas de butique fazerem um breve desfile nas delegacias de polícia, para que novos paladinos dos direitos humanos pulassem pelo empresariado.

A criminalidade de butique não incomoda aos ricos, pois não derrama sangue, não se esconde nos morros e, principalmente, não gera medo. Mesmo quando noticiada na imprensa, seus personagens não são marginais, bandidos ou muambeiros. São empresários; quase cidadãos de bem. A criminalidade de butique quase não é crime.

Parafraseando Orwell: todos têm direitos humanos, mas alguns humanos têm mais direitos do que outros.



Túlio Lima Vianna é doutorando e professor de Direito da PUC Minas.

sábado, junho 25, 2005

Sites legais



Venezuela garante espírito do Fórum; Chávez pode deixar país

Pedro Penso, um dos organizadores do FSM na Venezuela, fala da organização e das expectativas políticas do evento. O presidente Chávez já se ofereceu para sair do país na data do Fórum, caso se avalie que sua presença possa interferir na autonomia do evento.
Entre as três sedes do Fórum Social Mundial (FSM) 2006, que, pela primeira vez em formato policêntrico, ocorrerá simultaneamente no Paquistão (Ásia), Mali (África) e Venezuela (Américas), esta última deve se destacar tanto em termos organizativos quanto numéricos, já que o processo avança rapidamente sob a coordenação do Conselho Hemisférico, composto por representantes de toda a América Latina.

Encontro internacional debaterá crise e democracia no continente

Congresso Latinoamericano de Sociologia debaterá, em Porto Alegre, crise social e política do continente, reunindo nomes como Adolfo Sanchez Vasquez, Atílio Borón, Emir Sader, Ana Esther Ceseña, Marco Aurélio Garcia e Raul Zibechi. Crescimento dos movimentos sociais e necessidade de nova teoria crítica também compõem agenda de debates.

Gostou? Estas são algumas das notícias do excelente Agência Carta Maior http://agenciacartamaior.uol.com.br/index.asp



Chega de "Internetês"!

Participe da campanha Eu Sei Escrever

O Eu Sei Escrever é o site de uma campanha com o objetivo muito nobre que também é defendido por este blog: "reduzir a quantidade de erros propositais" escritos por internautas em bate-papos ou em programas de mensagens instantâneas, como substituir "aqui" por "aki" ou "não" por "naum". Vamos acabar com esse "internetês"!
Eu mesmo já sofri muito com essa patologia. http://www.euseiescrever.com.br/

Cinema


Além da imagem é o nome do blog de meu caro amigo Felipe. Como ele próprio diz: "Blog sobre cinema, escrito por um conhecedor e admirador da sétima arte." Um bog muito legal para se informar sobre as novidades do cinema. http://alemimagem.blogspot.com/
Para quem gosta de cinema surrealista e afins é uma boa leitura. Apesar do Lipe não gostar de Glauber Rocha, o que é uma pena. (sic)

sexta-feira, junho 24, 2005

Guess who is back...??

Adesão foi de 80% no Paraná
Governo afirma que participação chegou a 20%; estudantes “engordaram” movimento

Professores e estudantes das universidades estaduais do Paraná retomam atividades normais hoje depois de três dias de greve. “A paralisação foi suspensa, mas a mobilização continua”, declarou a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá (Sinteemar), Ana Estela Codato Silva.
Pela manhã, o comando geral da greve se reúne em Maringá para fazer um balanço da paralisação iniciada na última terça-feira e definir os novos rumos do movimento.
Ontem, no último dia de manifestação, docentes realizaram assembléias
nos campus enquanto os alunos mantinham as atividades de protesto em
apoio aos professores. Em todas as reuniões, a opinião recorrente foi de que a greve foi válida ao colocar em evidência a necessidade de reajuste salarial.
O comando de greve diz que a adesão aos três dias de paralisação atingiu quase 80% nas cinco universidades. “Apenas um ou outro professor que já tinha marcado prova antecipadamente é que entrou em sala de aula”, disse o professor de Comunicação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Marcelo Bronoski.
Na UEL (Universidade Estadual de Londrina), tivemos a participação de praticamente 100% dos professores”, anunciou Inês Almeida, diretora do Sindicato dos Professores de Ensino Público de Londrina (Sindiprol).
A informação foi contestada pelo secretário secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi. Segundo ele, a greve
se restringiu às universidades de Londrina, Maringá e Cascavel, e mesmo assim, nessas três, a adesão foi de, em média, 20% dos professores. “Os estudantes participaram do movimento, o que deu a impressão de que ele foi maior. Mas quem não aderiu trabalhou normalmente e nas demais instituições não houve paralisação”, afirmou.

Novo protesto

Representantes das cinco instituições (UEL, UEPG, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Universidade Estadual do Oeste-Unioeste e Universidade Estadual do Centro-Oeste-Unicentro) se reunirão na sede do Sinteemar, em Maringá, hoje de manhã.
Os professores devem avaliar a hipótese de deflagrar uma greve por tempo indeterminado dentro de 37 dias. Uma decisão formal, no entanto, só deve ser tomada na semana que vem, após assembléias em cada universidade.
“Para cada propósito há um tempo e um modo”, pontuou o diretor do
Sindiprol, César Bessa, ao avaliar a possibilidade de uma greve geral
imediata.
Os docentes reivindicam reposição salarial, aprovação de um novo plano
de carreira e abertura de concurso público para suprir o déficit de
profissionais de ensino. Segundo Bessa, a categoria está aberta e
totalmente receptiva ao diálogo com o governo, mas “falta boa vontade”
da esfera estadual para negociar.
Para o secretário Aldair Rizzi, o reajuste pedido pelos professores é irreal. Os índices variam de 60% a 80%. O governador Roberto Requião determinou que os dias parados sejam descontados dos salários dos professores.
Andye Iore, Eduardo Biagini, Miguel Portela e Glória Galembeck/Jornal de Londrina

terça-feira, junho 21, 2005

Réquiem para Roberto Requião

É, hoje foi mais um dia de luta. Infelizmente não pude estar neste embate. Mas, deixo aqui o informe sobre tudo o que aconteceu, ou sobre tudo o que ouvi falar.
Esta foi mais uma batalha vencida pelos estudantes. O que se iniciou com uma passeata no calçadão da UEL hoje estampou as televisões de todo Paraná. Se falar com a reitora já foi uma vitória, imagina ficar cara a cara com o senhor feudal.
Requião é o Sumo Pontífice da fazenda a qual com muita prepotência chamamos de Paraná, um Estado dito laico e democrático, e que na verdade é apenas uma extensão do corpo de nosso Leviatã paranaense. Como diria Luis XIV "O Estado sou eu". Esta pode ser apenas uma das faces de nosso glorioso monarca. Não há como esquecer os episódios de campanha eleitoral, nos quais diariamente víamos, através de propagandas políticas, Requião dizer que subia no palanque com o Diabo, entre outras coisas.
Vai entender né? E teve muita gente que votou nele. E depois ele tenta se explicar e só complica mais, como no caso do episódio do Diabo: "O candidato do PMDB diz que sua fala foi retirada de uma conferência, quando citava um discurso de Winston Churchil que teria dito que se Hitler invadisse o inferno ele seria aliado do diabo". Humm...Churchil, Hitler, quem vê até se entusiasma com seu conhecimento.
Bom, sei que o papo tá bom, mas eu tenho que ser sucinto. Deixo abaixo algumas matérias que saíram na mídia, não posso dar muitos esclarecimentos sobre o caso, porque afinal, eu não estava lá. Porém, não é muito difícil de se imaginar o que aconteceu.
Imagine alguns estudantes com faixas, apitos e nariz de palhaço. Agora os coloque dentro de um evento feito para a Sociedade Rural, ou seja, um bando de latifundiários. Acrescente algumas autoridades ilustres (tipo prefeito e afins), pense que estas estavam lá para puxar o saco do governador, e não só isso, dar uma lambidinha para o imperador liberar uma verba para a cidade. Nesta cerimônia sórdida inclua o próprio causador de todas as tormentas, a transubstanciação da universidade em sucata, Roberto Requião*. E, somando a tudo isso, doses cavalares de intolerância e muita ira, e, bum! O governador explodiu de raiva!

*Caso não esteja entendendo como se processa esta transformação é só se lembrar da Rainha da Sucata, aquela novela boçal da Globo. Nela a protagonista, Maria do Carmo, configurava seus trabalhos com ferro-velho em grandes fortunas. Requião sucateia a universidade e embolça belos trocos das particulares. Só que este não é um negócio montado e articulado inteligentemente, é apenas fruto de canalização da insanidade do autoritário xerife do Paraná. No entanto, esta leve demência não pode servir de desculpa para uma breve contemplação, tal qual aquela do judeu de 2000 anos atrás: "Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem". O nosso amigo pode não saber o que faz, mas nem por isso podemos perdoá-lo.
Fiquem com a mídia.

Requião se irrita com manifestação e ameaça suspender as negociações

"Eu vou dar mais uma oportunidade, ou acaba com esse silvo [barulho dos apitos dos estudantes que fizeram manifestação] ou nos próximos 30 dias eu não converso mais com a Secretaria de Ensino Superior sobre o reajuste do salário e a reestruturação das universidades. Mais um aviso e pagarão por 30 dias".
Foi desta maneira que o governador do estado, Roberto Requião, reagiu às manifestações dos alunos, realizadas nesta terça-feira (21) em Londrina, na paralisação de advertência de três dias dos professores das universidades estaduais do Paraná.
Durante toda a terça-feira, docentes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e instituições de Foz do Iguaçú e Umuarama fizeram manifestação exigindo reposição salarial. Os professores da Universidade Estadual de Maringá, que não haviam aderido à greve, em reunião nesta terça, resolveram por participar da paralisação.
Nesta quarta-feira (22) os sindicatos dos funcionários das universidades estaduais vão se reunir com a secretária de estado de Administração e Previdência, Maria Marta Lunardon, para apresentar as reivindicações. Segundo reportagem veiculada no Paraná TV, na reunião, a secretária vai mostrar o resultado de um estudo que corrige distorções salarias e de carreiras dos professores universitários. Mas, segundo o governo, antes disso não é possível aumentar os salários.
Nesta quarta a paralisação ainda permanece. Não haverá aulas nas instituições estaduais. Na sexta os professores retomam às aulas. Segundo Luiz Fernando Reis, professor e presidente do sindicato dos docentes da Unioeste, em Cascavel, "o governo terá que apresentar uma proposta até o final do primeiro semestre (julho). Caso contrário em agosto paramos de novo", afirmou.
Veja outros tópicos da matéria:



Sindicato da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sinduepg) contesta nota oficial do Governo sobre mobilização nas Estaduais



Veja em vídeo a reação do governador Roberto Requião e como foi o dia nas universidades estaduais.




Governo divulga nota oficial sobre paralisação em universidades

Com a notícia da paralisação das atividades em cinco universidades estaduais, o governo do Paraná divulgou nesta segunda-feira a seguinte nota oficial:
O Governo do Paraná faz de tudo para corrigir os salários dos nossos professores, assim como para corrigir as irregularidades já detectadas pelo Tribunal de Contas na estrutura salarial das Universidades Estaduais.
Há uma grande diferença entre uma universidade e outra. E todas são unidades do Sistema Estadual de Ensino Superior do Estado do Paraná. Logo, tais disparidades não deveriam existir.
Os reitores e os professores sabem perfeitamente que uma equipe do Governo trabalha com extrema dedicação, já há algum tempo, tanto para corrigir as defasagens salariais quanto para estabelecer uma nova ordenação na remuneração dos nossos professores universitários.
Com os estudos que realiza, o Governo do Paraná eliminará de vez a verdadeira caixa-preta que existe nos gastos das nossas Universidades. A folha de pagamentos será rodada pelo Estado e a sociedade saberá o que ganha cada professor ou funcionário.
O Governo está indignado com a paralisação anunciada e comunica que descontará os dias sem trabalho dos professores e funcionários, assim como cortará o descanso remunerado; ou seja, serão cinco dias de desconto nos salários, três pela paralisação e dois pelo descanso remunerado.
Todos sabem perfeitamente que o Governo tem limitações orçamentárias e é preciso que se lembrem também que o terceiro grau é uma atividade precípua da União e não do Estado. Mas o Paraná é hoje a unidade federada que mais gasta com o ensino universitário no Brasil.
No entanto, o Estado não tem só as universidades e o salário do seu pessoal para adequar às possibilidades orçamentárias. Assim, o Governo do Paraná pretende, dentro das circunstâncias, corrigir no máximo do possível os salários dos professores e funcionários.
Não esqueçam, contudo, os grevistas de hoje, que existem outras categorias do funcionalismo público estadual com os salários defasados - não somente eles; e não esqueçam ainda que estamos tentando, desde o início do Governo, acertar esses descompassos e melhorar os vencimentos de todos os servidores, dentro do possível
”.

Professores trocam as salas de aula pelas ruas para protestar

A manhã desta terça-feira (21) foi atípica nas instituições estaduais do Paraná. Em vez das salas de aulas, os professores saíram às ruas reivindicando melhores condições de trabalho, realização de concurso público e reajuste salarial.
Em Cascavel, os docentes, alunos e funcionários da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) foram até a rua principal da cidade para informar à população os motivos da paralisação. Somente a reitoria e as clínicas de odontologia e fisioterapia funcionaram normalmente. Segundo informações do Paraná TV, os alunos estão sem aulas em doze disciplinas.
Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), os professores fizeram nesta manhã uma assembléia pedindo mais autonomia para as instituições estaduais e reajuste salarial. Em Umuarama, cerca de 450 alunos ficaram sem aulas nesta terça. Em Foz do Iguaçu os professores exigiram contratação de novos docentes.
Na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), quase todos os professores aderiram à greve. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a expectativa é que os docentes também façam a paralisação.
O secretário de Ciência e Técnologia, Aldair Rizzi, informou que considera a paralisação inapropriada e avisa que as negociações que já vinham acontecendo serão interrompidas. Além disse o secretário lembrou que os parados serão descontados.

Requião defende reestruturação do ensino superior (nota do site do governo)

O governador Roberto Requião silenciou nesta terça-feira (21) um protesto de 9 estudantes e funcionários da Universidade Estadual de Londrina (UEL) ao anunciar, em Londrina, a reestruturação que o Governo do Estado esta fazendo nas instituições de ensino superior.
“A reconstrução da dignidade do funcionalismo não pode ser feita do dia para noite após oito anos de descaso, porque temos limitações orçamentárias como as previstas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Estamos corrigindo a disparidade de salários que existia dentro de uma mesma universidade e de uma para outra, em parceria com reitores e sindicatos”, afirmou.
O governador destacou a qualidade das instituições estaduais “comprovada com brilhantismo no provão” e ressaltou que a reestruturação trará mais transparência para a sociedade. “As greves são naturais numa democracia, mas não podem ser inconseqüentes, principalmente quando professores e funcionários sabem do esforço que o Governo do Estado está fazendo para readequar os salários, que serão publicados na internet assim como está sendo feito com todas as contas do governo”, disse.
Apesar do protesto ter o objetivo de atrapalhar a cerimônia de entrega de viveiros para reconstrução da mata ciliar em mais de 50 municipios, estudantes e funcionários ouviram o governador, que garantiu com firmeza que a reestruturação pretende, sobretudo, corrigir injustiças. “Sou governador de todas as categorias e não apenas daquelas que têm a capacidade de se mobilizar. Não será uma pressão localizada que me fará ceder, de forma populista e covarde, apesar de estar sempre disposto a trabalhar com justiça”, completou.

Professores da UEL entram em greve

Paralisação, que vai até quinta-feira, visa reajuste nos salários das universidades

Os professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entram hoje em greve, que dura até a próxima quinta-feira. Além da UEL, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Unioeste, em Cascavel, também farão a paralisação nesses três dias. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) fará mobilização entre hoje e quinta-feira, mas deve manter as atividades acadêmicas.
A greve será formalizada em votação durante assembléia dos docentes hoje, às 8h30, no Centro de Ciência Humanas (CCH). Os funcionários técnico-administrativos da UEL não vão aderir ao movimento.
O presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região (Sindiprol), César Caggiano dos Santos, teve uma reunião ontem em Curitiba com o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldair Tarcísio Rizzi. Dois representantes do Sinteemar, que representa os docentes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), também participaram do encontro.
A reunião foi convocada pelo secretário e, de acordo com o diretor do Sindiprol, César Bessa, a pauta não havia sido adiantada. Dependendo do conteúdo do encontro, a greve poderia ser cancelada. Entretanto, segundo Caggiano, o secretário não apresentou nenhuma proposta nova. “Não houve avanços, o secretário colocou o que já havia sido proposto”, disse.
No último dia 13, reitores das instituições estaduais de ensino superior se reuniram com os secretários de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de Administração e Previdência (Seap), Maria Marta Renner Weber Lunardon, e com representantes do Tribunal de Contas (TC) e do Ministério Público Estadual. Aquele encontro resultou numa proposta para ser encaminhada ao governador Roberto Requião, entre os quais a alteração dos percentuais interclasses da carreira docente, de maneira a proporcionar correção salarial diferenciada para professores assistentes, adjuntos e associados. Segundo Caggiano, como essa proposta não altera o piso salarial, não é entendida como uma proposta viável.
O orçamento 2005 do Estado destina R$ 30 milhões para pessoal e encargos de docentes das instituições estaduais de ensino superior. Segundo o presidente do Sindiprol, Rizzi não tocou nesta questão durante e reunião. Atualmente, a UEL tem 1,6 mil docentes, e o salário inicial é R$871,60.
Nota
A Agência Estadual de Notícias divulgou nota no final da tarde informando que descontará os dias sem trabalho dos professores e funcionários e os dias de descanso remunerado. Dessa forma, serão cinco dias de desconto nos salários, três pela paralisação e dois pelo descanso remunerado.

segunda-feira, junho 20, 2005

NAZI (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães)

Orkut
O chute na cara 5/6/2005 11:37 (Tirado da Comunidade Olavo de Carvalho)
"Sexta-feira saiu uma foto na capa do Globo mostrando um policial chutando a cara de um bandido que estava rendido deitado no chão.

Naturalmente o jornal, como qq outro desses comunistas disfarçados, estava mais preocupado com o bandido do que com as vítimas que ele fez.

No dia seguinte o jornal recebeu montanhas de críticas por parte de pessoas simples, com apenas os comunistas apoiando, sempre com aquela balela de direitos humanos e ONGs que nosso Olavo sempre nos lembra.

O que esses comunistas e defensores da bandidos precisam entender é que o policial estava chutando um bandido. Não era uma pessoa de bem. Como podemos recriminar um policial desse?

Eu mesmo tenho um filho que deu azar de ser pego por um policial enquanto fumava baseado. Ele apanhou e o policial, um bandido fardado, ainda cismou que queria prendê-lo. Tivemos de recorrer ao delegado que usando do bom senso, liberou me filho. O delegado, policial de boa fé -- como o que chutou o bandido --, entendeu que meu filho não era bandido. São coisas diferentes."

Pura contradição!
Este é apenas um exemplo de coisas que estão sendo disseminadas pelo Orkut. Não quero fazer nenhum discruso moralista, ou dizer o que é certo e errado, nem quero ser paternalista dizendo o que pode e o que não pode ser feito. No entanto, uma coisa é certa, a internet e toda a mídia moderna está sendo a mola propulsora do senso comum. A ideologia está "deitando e rolando" neste meio tão confuso e diverso. Precisamos pensar sobre essas problemáticas. Joseph Goebbels foi o chefe da Propaganda Nazista, e através desta que a intolerância ariana criou mecanismos para criar um sentimento de ódio e vingança. Era dele o seguinte princípio: Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade.

Exarcebação Anti-semita

Um exemplar do livro Mein Kampf, de Adolf Hitler, foi vendido por 43 mil libras (cerca de R$ 172 mil) na casa de leilões Bloomsbury, em Londres.


O livro, de teor autobiográfico, está autografado por Hitler e fazia parte de um lote leiloado que incluía ainda uma fotografia dele – também assinada –, alguns de seus cartões pessoais de agradecimento e outros materiais de papelaria usados por integrantes da cúpula nazista.
Hitler escreveu o livro enquanto estava preso em Landsberg, na década de 20. Ele ficou cinco anos preso por sua participação numa tentativa de derrubar o governo em 1923 – dez anos antes de ele assumir o poder na Alemanha.

Na obra, cujo título se traduz em "Minha Luta", o líder nazista expressa as suas visões anti-semitas e os seus planos para a expansão alemã. O exemplar leiloado é um dos 500 impressos na primeira edição. A venda do livro é atualmente proibida na Alemanha.
A identidade do comprador não foi divulgada. Também, deve ser um excêntrico milionário. Pode ser até um brasileiro ariano, um puro sangue. Quanta palhaçada! Mas não podemos nos esquecer que aqui estiveram vários nazistas, não só os metidos a nazistas, como os integralistas, mas também membros do governo nazista. Além de Josef Mengele, que teria se afogado em 1979 em São Paulo, outros quatro criminosos nazistas viveram no Brasil: Gustav Wagner, Franz Stangl, Herbert Cockurs e o capitão da SS Eduard Roschmann. Do grupo, apenas Stangl, comandante dos tenebrosos campos de Treblinka e Sobibor, na Polônia, foi extraditado para a Alemanha, depois de localizado no Brasil, tendo sido condenado à prisão perpétua em 1967.

sexta-feira, junho 17, 2005

LULA E OS 40 MIL DA DASLU

A Carta Capital vai suprir a minha carente oferta de palavras. Não está fácil. Entre esses dias foi tanta correria que mal posso pensar em algo para escrever neste blog. Um outro problema também é o fato de que eu não tenho mais conexão via cabo. Ficar acordado até as tantas é um prazer pra mim, mas ultimamente não tem rendido muitos frutos. No entanto, pela motivação de algumas pessoas da sala, e também, pelo interesse intelectual delas em escrever e desenvolver problemáticas contemporâneas, eu vejo que auxílio e vontade são coisas que não vão faltar. Ao pensar nisso resolvi criar um outro espaço mais amplo e dinâmico, com mais discussões e mais novidades. É claro que isso não vai ser desenvolvido imediatamente, até porque eu não conheço muito bem o mundo do html. Mas, o importante é que agora eu acho que a coisa vai (rsrsrs), e, se ela for mesmo, vai ser muito massa. Eu, o André e a Tathi estamos envolvidos nisso, quem mais se interessar entre em contato. E, sem mais delongas, vamos para o texto de Mino Carta: (uma pequena observação, eu tirei algumas partes do texto por achar altamente contemplativo a nova política do Lula, mas de resto está tudo beleza. Estou meio sem tempo para colocar outras coisas. Coloco este texto por falta de assunto mesmo. As fotos foram escolhidas e montadas por sugestão pessoal.)

A denúncia do mensalão é detalhe do jogo sujo de sempre. Resta saber, de fato, se o governo esteve à altura das esperanças que o elegeram. E se democracia e regime presidencial são viáveis neste Brasil ainda medieval

por Mino Carta

Políticos, jornalistas, freqüentadores de bares finos, e nem tanto, usam larga e desabridamente a palavra governabilidade. Em relação a ela, sacerdotes do castiço manifestam dúvidas. Proponho outra, não sem ousadia: viabilidade. Soa-me adequada, nesta hora incerta.
Viabilidade do sistema político. Do sistema de poder. Do próprio sistema de vida do povo brasileiro, entendido na sua totalidade, sem distinções socioeconômicas.
E lá vem o enredo embolorado do mensalão. Haverá de cair o nosso queixo? Teremos de escancarar os olhos como vilões de cinema mudo? Desde que provado, e ainda cabe fazê-lo, o mensalão é tão natural na vida parlamentar verde-amarela quanto a morte do ser humano. Fernando Henrique Cardoso, príncipe do lugar-comum, diria que o buraco é mais embaixo.

Não menos vezeira a hipocrisia de quem é mestre no assunto, e finge a primazia ética, quando não a santidade. O que está em jogo é, de verdade, a repetição do entrecho, condimentado pela má-fé e pelo ardil, pelo golpe baixo e a punhalada nas costas. E a cada novo ato da peça infindável, tragicomédia creio eu, o Brasil afunda.
Donde, o dilema. É viável a pretensão democrática em um país tão desigual, vice-campeão mundial em má distribuição de renda? É viável o presidencialismo se, em lugar de partidos, há clubes, e a polarização do debate em torno de um consistente projeto de progresso e bem-estar geral é substituída pela ambição do poder pelo poder?

Em 1961 foi tentada a solução parlamentarista, como sabemos (ou não lembramos?), imposta de cima para baixo, igual a tantas coisas mais, e foi o desastre. Mas seria hoje também, nas circunstâncias. Nelas, não há sistema de governo que resista.
É viável a justa, salutar aspiração à igualdade em um país em que a mídia se empenha, com raríssimas exceções, a vender ilusões e a manipular consciências? É viável a maioridade da nação enquanto a sua elite imita os emires e, a enfrentar a criminalidade crescente, contrata pistoleiros e dobermans, e ergue muralhas em torno das suas vivendas, inspiradas, eventualmente, na casa de Branca de Neve ou de Scarlett O’Hara?

E é viável a esperança em um futuro melhor se a chamada elite exaspera a predação e atira ao lixo o patrimônio Brasil? Recordo 1989 quando o então presidente da Fiesp, Mario Amato, vaticinava o êxodo de 800 mil brasileiros, caso Lula ganhasse a eleição contra Fernando Collor.
Este levou, obviamente. Não tenho dúvidas de que na vanguarda da fuga estariam os 40 mil cadastrados na Daslu, o templo da moda instalado às margens do rio Pinheiros e invejado em Paris, Londres, Milão. Permito-me achar, contudo, que o Brasil ganharia muito se a profecia de Amato se realizasse.

Confrontado com o exorbitante mandato de FHC, o de Lula é de muitos ângulos melhor, segundo analistas respeitáveis. Nem por isso, deu-se a mudança. O começo da mudança. E o Brasil consolida-se como a república do mercado financeiro. Como a democracia dos 40 mil da Daslu.

domingo, junho 12, 2005

Um copo de guaraná, duas xícaras de sono e sete pitadas de passado


Foto do Rio de Janeiro

Queria escrever sobre tudo que ocorreu nesta semana, mas o sono não está deixando. Foi muito legal ter participado da manifestação pedindo a realização de concurso público para contratação de professores. Fiquei emocionado em ouvir, nesta sexta-feira, o professor Ary falar no Assembléia dos professores da UEL sobre o nosso movimento. Ninguém acreditava, e, no entanto, todo viu que alcançamos patamares nunca pensados. O governador Requião ficou sabendo do barulho que fizemos em Londrina e parece que no final do ano ele vai abrir concurso público. Enquanto isso não ocorre, estaremos lapidando nossas idéias e argumentações a fim de organizarmos algo maior, com mais representatividade e força. Parece mentira, mas alguns alunos descontentes fizeram um puta barulho com cobertura da mídia e deu no que deu.
Fora isso tudo, eu ainda ganhei uma cesta de café da manhã na rifa de formatura da minha sala. Será que é um sinal divino? Uma intervenção divina? As coisas estão melhorando? Acho que não.

DISCUSSÃO TEMÁTICA: ASSENTAMENTOS (eu e o Fernando fizemos este trabalho no ano passado)

“o espaço é como ar que se respira. Sabemos que sem o ar morremos, mas não vemos nem sentimos a atmosfera que nos nutre de força e vida”
Roberto DaMatta

Esta análise tem o intuito de averiguar se o objeto Vila Marízia, na condição de assentamento, possui coerência frente às teorias relacionadas ao tema. A termologia assentamento será aproximada do conceito de favela, pois, utilizando-se da perspectiva de Leeds evidencia-se que, favela caracteriza-se por ser um terreno invadido a princípio ilegal. Tal perspectiva é compreendida na seguinte citação: “o único critério uniforme que distingue as áreas invadidas dos outros tipos de moradias da cidade é o fato de constituírem uma ocupação ‘ilegal’ da terra, já que sua ocupação não se baseia nem na propriedade da terra nem em seu aluguel aos proprietários legais”. (p.22).
A fim de compreender o micro universo referente ao termo favela, deve-se ter como cerne à não aleatoriedade do fato em si. Sendo o arranjo espacial construído coletivamente, não é possível justificar a natureza do problema utilizando-se de perspectivas eufemisticas que acabam por naturalizar e eternizar o problema. Concepções como as de William Mangin e de John Turner ilustram tal abordagem. Estes caracterizam a favela como uma solução e não como um problema, salientando sua funcionabilidade, envolvendo aspectos tais como: localização, isenção de aluguel, economia de gastos com transporte, criatividade arquitetônica, localidade bucólica e etc. Ainda a aqueles que especulam sobre a inserção de conceitos como o de verticalização sendo uma solução para o problema de super população nas periferias.
Contrapondo-se a tais ilusões teóricas, e, desta forma, assumindo as favelas como problema, deve-se determinar a origem das mesmas. Podemos dizer que o capitalismo criou uma espécie de fator propicio para o gênese das favelas.No Brasil a industrialização se deu de forma paulatina frente ao resto do paises desenvolvidos. Esta razão fundamenta-se por diversos fatores históricos estruturais dos quais não vamos nos ater no trabalho.
Já em Londrina o fator preponderante para formação de favelas, não foi decorrente ao processo de industrialização, pois a região é considerada pólo agrícola e grande prestadora de serviços.
As favelas de Londrina tem sua origem majoritariamente relacionada ao êxodo rural. As principais causas que demonstram essa evasão rural foram: a depredação continua e indiscriminada dos recursos naturais, o esgotamento das terras virgens ou cultiváveis, as intensas geadas e a gradativa mudança do uso do solo por meio da automação. Contudo não podemos deixar de analisar o fator onírico das melhorias de vida tão fantasiadas pelo imaginário urbano quanto a vinda as cidades. Estes fatores modificaram profundamente as relações de produção e de trabalho no meio agrícola.
A favela Vila Marízia está localizada a margem do Córrego Bom Retiro. Apesar de não haver documentação precisa sobre a origem exata, pode-se afirmar que tal espaço teve seu reconhecimento devido ao seu crescimento na década de 70. Nesta década a favela foi ocupada por poucas famílias, sendo que, a maioria destas eram trabalhadores de um frigorífico instalado nas redondezas.
Seguindo informações da COHAB, o espaço era propriedade do poder público e parte de alguns particulares. Tratando-se de uma invasão, é importante analisar que ocorreu um processo de apropriação. Este, foi mediado pelos primeiros moradores, configurando os mesmos como proprietários de tal apropriação. Esta conduta simplesmente reflete a hegemonia da lógica capitalista frente a qualquer outra possibilidade quanto à abordagem de determinada propriedade. Cabe a ressalva que a legitimidade desta apropriação se dá a princípio, unicamente pela força dos invasores. Tal concepção é ilustrada pela lógica de consumo destas propriedades, onde o preço do barraco em si ou até mesmo sua localidade é desprezível frente à condição de proprietário. Que se torna tão superior devido ao ambiente inóspito que o cerca. Desta forma, a garantia de posse concedida aos velhos moradores pelos novos, consolida um sistema onde a concessão do direito à propriedade é retirada da mão do Estado para residir-se na mão de particulares. Portanto, ocorre à substituição do poder coercitivo do Estado manifestado na figura “performática” da força policial. Contudo, não é possível afirmar que haja a formação de um poder paralelo, pois tomando o sistema capitalista como hegemônico não podemos desvincular realidades do mesmo.
Percebe-se que a localidade espacial da Vila Marízia configura-se como importante ícone geográfico a fim de demonstrar as grandes contradições do sistema capitalista. Sua proximidade com o Centro ilustra um interessante paradoxo entre o legitimado, estético, organizado e respeitável versus o clandestino, rudimentar, desconexo e intolerável. Entretanto, ambos fazem parte do mesmo sistema. Sistema este absoluto, redutor de toda forma de pensamento ao uma logística que prega o ímpeto acumulativo. Poderíamos tecer inúmeras falas sobre esse tema, utilizando-nos unicamente do discurso do líder da comunidade. Contudo, divagações quanto à hegemonia do sistema cultural capitalista, mesmo sendo importante para o arranjo espacial encontrado em Vila Marízia, não nos cabe analisar, pois, estaríamos expandindo em última instância a proposta objetiva deste trabalho.


Considerações finais sobre a temática escolhida

Podemos concluir que a Vila Marízia, em termos gerais, ajusta-se as características fundamentais do conceito de favela. Tal conclusão tem sua importância, pois, mesmo que consolidado no imaginário urbano tal localidade como sendo uma favela, é necessário, aos pesquisadores sociais, analisar o objeto em si, separando o mesmo das toxidades ideológicas do pensamento coletivo.
Em termos leigos, uma moradia precária pode ser tida como uma favela. Contudo, como anteriormente explicitado, não é esse o fator que a qualifica como tal. A essência do conceito favela é o da invasão. Uma afronta ao cerne do fator utilitário do Estado moderno, que seria o de acima de tudo garantir a propriedade privada. Tais argumentos ideológicos, como a de garantir o direito a vida perdem seu referencial de acordo com a realidade, no instante em que se constata pessoas sofrendo de inúmeros males, esquecidos pelo Estado, quando este deve atender principalmente aos interesses dos grandes proprietários.

Bibliografia:

ABREU, M. A. Reconstruindo uma história esquecida: origem e expansão inicial das favelas do Rio de Janeiro. In: Espaço e Debates. Vol 14. n 37. 1994.
LEFEBVRE, H. Direito à Cidade.Centauro Editora. Segunda Edição. 2001
LIRA, J.T.C. A romantização e a erradicação do mocambo, ou de como a casa popular ganha nome. Recife, década de 1930. In: Espaço e Debates. Vol 14. n 37. 1994.
OGAMA, M. A. G. Favela Vila Marízia: sua população e seus problemas. UEL. 1993.
VALLADARES, L. P. Repensando a habitação no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar. Segunda Edição. 1982.
TASCHNER, S. P.; MAUTNER, Y. Habitação da Pobreza: Alternativas de Moradia Popular em São Paulo. São Paulo: FAUUSP. 1982.

RELATÓRIO DO TRABALHO DE CAMPO 06/11/2004

Leonardo de Lucas Domingues
Fernando Barreto

Saímos da antiga Estação de trem de Londrina, o atual Museu Histórico de Londrina por volta das 8 da manhã. O primeiro lugar que fomos visitar foi a Vila Marízia. Lá nos deparamos com algumas moradias precárias que se encontram no local. Houve uma breve discussão a cerca dos assentamentos irregulares, sobre os locais onde a sua localização é mais freqüente e sobre as relações sociais que giram em torno desta realidade. A região da Vila Marízia fica bem próxima da área central da cidade, ela fica perto da avenida Brasília, e também próxima à avenida Dez de dezembro.
Lá existem casas de alvenaria, que eram antigos barracos e que também possuem rede de esgoto e elétrica. Mas, ainda existem alguns barracos que estão sendo alojados em outros pontos da cidade, como o próprio líder local nos contou. Este mesmo chefe de bairro nos contou muito sobre a realidade local, e também contou estórias de sua vida. Mostrava-se muito envolvido com as causas locais e também disse ser muito respeitado por onde ele andava. Estava ao lado de um carro velho que dizia ser seu modo de locomoção. Por seu discurso fica no ar algum questionamento que poderíamos fazer sobre a existência de um código civil interno dentro da comunidade. A ausência do poder público o coloca encorajado a transgredir leis dos códigos sociais da cidade como: não portar documento do carro, nem carteira de motorista e também andar armado. Outra evidência do descaso público são as constantes mortes no fundo de vale que se encontra em frente às moradias.
Outras pessoas da comunidade fizeram questionamentos quanto a administração do atual prefeito e a grande maioria preferia a gestão do antigo prefeito Belinati. Alguns disseram que Belinati foi o único candidato que visitou a região no processo eleitoral. A abordagem singular que ele tem quanto às comunidades mais pobres da cidade mostra o seu favorecimento quanto aos outros candidatos, e também uma série de outros fatores que não se faz necessário uma explanação mais detalhada. Mas, um fato inegável é a “onipresença” de Belinati por quase todos os bairros mais carentes que visitamos.
Logo depois de visitarmos a Vila Marízia fomos à região que é popularmente conhecida por Cinco Conjuntos. Paramos num ponto onde dava para ver a verticalização do centro da cidade e também a distância dele para os conjuntos habitacionais.
A região é muito extensa e populosa, lá moram cerca de 100 mil habitantes. Apesar de serem conjuntos habitacionais, as casas não apresentam uma padronização. Com o passar do tempo todas as casas foram modificando sua estrutura. Foi construída na gestão de Antônio Belinati, e fica a oito quilômetros do centro da cidade. Para ser efetuada necessitou-se do estabelecimento de uma estrutura local para poder abrigar todas estas pessoas. Foram construídas vias de transporte, indústrias para a mão de obra local, rede elétrica e formou-se ali um sub-centro. Dentre o Centro e os Cinco conjuntos ficou uma faixa inabitada, com chácaras e terrenos vazios. Estes espaços foram se valorizando conforme o desenvolvimento da cidade, hoje já há uma grande procura por esses lotes e a área se encontra bem povoada. Prosseguindo a viajem, demos uma volta na região pela avenida Saul Elkind. Lá existem quase todas as lojas da região central da cidade.
A próxima parada foi o Jardim São Jorge (também na região norte). Ele se encontra bem distante do centro da cidade (o caminho para chegar até foi feito em estrada de terra). A região era da CODEL, Companhia de Desenvolvimento de Londrina e foi ocupada pelos atuais moradores. O jardim é considerado um assentamento urbano, termo que foi criado pelo prefeito Antônio Belinati como uma forma de conquistar votos da população assentada. As famílias que lá se encontram foram retiradas de áreas consideradas ilegais de ocupação, ou por outros motivos. Atualmente o bairro foi asfaltado e tem rede elétrica, está longe das condições precárias que se encontrava quando foi constituído.
Ao lado do Jardim São Jorge encontra-se uma ocupação recente que não é no terreno da prefeitura, e sim num terreno particular. A comunidade que está sendo formada neste terreno está crescendo num ritmo bastante acelerado e desordenado. As moradias são barracos e não casas populares como no caso da maioria das habitações do jardim São Jorge.
Como foi debatido no local e ressaltado pelo professor Willian. Favelas e assentamentos urbanos são formas de construção do espaço urbano que não seguem as lógicas das empresas capitalistas de incorporação imobiliária. Portanto, ela é uma forma de resistência à opressão e uma tentativa de reverter a lógica da propriedade privada, que é o bem máximo do modo capitalista de produção, não se adequando a lógica especulativa do mercado imobiliário.
Logo depois de visitarmos o jardim São Jorge fomos em direção a região sul, que é completamente distinta da região norte. Pelo caminho paramos no lago Igapó e também observamos que a verticalização no local é bem intensa. Mas isso só se deve, como foi discutido, pela presença de uma estrutura de consumo para a classe média alta na região. O estabelecimento de centros de compras e de áreas de laser foi fundamental para a valorização dos lotes perto do lago. Foi também discutida a relação da natureza no espaço urbano. Antigamente a natureza era considerada inóspita e selvagem, por isso era necessário “limpar” a área verde para construir. Hoje ela é tratada como um benefício ao desenvolvimento humano, como um laser paisagístico de uma natureza “montada” para atender a qualidade de vida.
Perto do lago encontram-se também algumas residências da classe média alta, uma das margens do lago 1 é tomada por essas casas. De lá esses moradores aproveitam o benefício de desfrutar as qualidades do lago.
Logo após esta discussão, fomos a região onde se encontram os condomínios fechados. Eles ficam localizados perto do Shopping Catuaí, e como os conjuntos habitacionais da zona norte, ficam afastados da região central.
O shopping foi montado também na gestão de Belinati, e ele movimenta uma circulação muito grande de mercadorias e de pessoas de toda região do norte do Paraná. Ele forma um não-espaço, uma representação de um espaço. Os shoppings atuais têm variadas formas de representação da vida urbana, dentro de um shopping tem miniaturas de cidades importantes, representações de estabelecimentos comerciais e outras estruturas que se apresentam somente de “fachada”. Eles são os templos do consumo e estão mais do que alinhados as lógicas capitalistas. Neles, a desigualdade latente que se encontra nas ruas e nos faróis de trânsito não é visível. Há uma seleção entre quem pode freqüentar o shopping, uma seleção de consumo. Dentro destes locais dificilmente alguém encontra um pedinte ou algum outro indivíduo menos favorecido economicamente. O shopping não é um espaço público, muito menos democrático, lá não se encontra diversidade, somente uma padronização estética, cultural e econômica das pessoas que freqüentam o local.
Já os condomínios fechados, eles são fechados, mas por dentro deles passam ruas públicas. È uma utilização privada de um bem público, não há como entrar em um condomínio fechado se não for morador ou não for convidado. Dentro destes condomínios existe uma outra realidade. Lá a questão da segurança é tratada de forma privada, e não uma obrigação do Estado. A polícia não entra lê sem autorização e como a segurança não é feita por policiais ela fica por conta de empregados, os seguranças. Como o segurança é um funcionário do condomínio fica difícil estabelecer normas de ordem legal. Os filhos dos moradores crescem sem ter noção de espaço público e de respeito as leis vigentes. Dentro dos condomínios eles fazem o que querem e se algum funcionário questionar é mandado embora e logo depois aparece outro para substituí-lo.
O estabelecimento destes espaços geográficos, como os outros citados neste relatório, é acarretado pelo contexto histórico e pela construção histórica destes espaços. Tudo dentro de um espaço, social ou privado, está previamente delineado a favorecer ao interesse dos mais poderosos. O arranjo espacial é conseqüência do modo de produção desigual e ele é uma reprodução das nossas relações sociais.
Portanto, a estruturação do espaço urbano de Londrina, segue aos interesses do modo de produção capitalista e reforça a diferenciação entre as classes sociais através da segmentação sócio-espacial urbana. Esta segmentação é construída por diferentes agentes produtores do espaço urbano, com diferentes interesses e condutas.