quarta-feira, junho 30, 2010

Fragen eines lesenden Arbeiter

De Benjamin para Brecht:

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída -
Quem a reconstruiu várias vezes? [...]
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os césares? [...]
Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?
Tantas histórias.
Tantas questões.

Passagem de Benjamin muito parecida com um poema de Brecht. Extraído de LÖWY, M. Walter Benjamin: avertissement d'incendie. Tradução de Wanda Nogueira Brant.

quarta-feira, junho 23, 2010

A liberdade de seguir o estouro da boiada


Nenhum domador jamais teve tanto poder sobre seus animais. Solta-se o povo como massa leitora, e este corre pelas ruas, lançando-se sobre o alvo indicado, quebrando janelas e ameaçando. Um leve aceno com o chicote da imprensa, e a massa se acalma e volta para casa. A imprensa é hoje um exército com tropas cuidadosamente organizadas, que têm jornalistas como oficiais e leitores soldados. A situação é a mesma em qualquer exército: o soldado obedece cegamente, e as modificações nos objetivos de guerra e nos planos de operação são feitas sem o seu conhecimento. O leitor nada sabe do que se pretende com ele, e nem deve saber, nem mesmo o papel que desempenha nisso tudo. Não existe sátira mais terrível da liberdade de pensamento. Antigamente não se podia ousar pensar livremente; a gora isto é permitido, mas não se consegue fazê-lo. As pessoas desejam pensar apenas o que se deseja que elas pensem, e exatamente isso é sentido como liberdade
Oswald Spengler (1880 - 1936)