segunda-feira, janeiro 31, 2005

Tiradentes fecha mostra com mais público que em 2004

TEREZA NOVAES

A 8ª Mostra de Cinema de Tiradentes, que começou no dia 21 e terminou anteontem, promoveu na cidade histórica 40 sessões de cinema, que, segundo estimativa da organização, foram vistas por 35 mil pessoas, 5.000 a mais do que no ano passado. Sem caráter competitivo, o festival atribui apenas um prêmio do público para cada categoria, curta, longa e vídeo, que totalizam 149 filmes.
O principal prêmio do festival, o de melhor longa-metragem, foi para "As Filhas do Vento", do diretor Joel Zito Araújo. A premiação ocorreu na noite do último sábado. Dois espaços foram armados para receber o evento: um cinema com 800 lugares dentro de uma tenda e uma tela instalada ao ar livre na praça principal da cidade.
A mostra terminou na noite de sábado com a exibição de "Feminices", de Domingos de Oliveira, e "Bendito Fruto", estréia de Sérgio Goldenberg em ficção.
"Bendito Fruto" é uma comédia temperada com crítica social. Ex-patrão e empregada, o casal Edgar (Otávio Augusto) e Maria (Zezeh Barbosa) tem sua relação abalada pela chegada do filho dela e de uma amiga de infância dele. Os dois longas, que já foram premiados em outros festivais, não entraram na votação do público.
Na sexta, a sessão de "No Meio da Rua", de Antônio Carlos Fontoura, sobre a amizade entre um garoto rico e um menino de rua que sobrevive fazendo malabares nos sinais do trânsito carioca, atraiu à praça uma multidão, que resistiu, apesar da garoa, até o fim.
O longa de Carlos Reichenbach "Bens Confiscados" foi a última atração da sexta, na tenda. Definido pelo diretor como seu filme político, trata da história de Serena (Betty Faria), enfermeira que teve um caso com um político corrupto e precisa sair de sua casa devido a um escândalo.
A surpresa de quinta foi "Ódiquê?", do estreante Felipe Joffily. O filme mostra um golpe que três jovens de classe média carioca aplicam em outro rapaz, filho de deputado. O documentário "500 Almas", de Joel Pizzini, e "A Ostra e o Vento", de Walter Lima Jr., também passaram na quinta.

Ancinav
A retirada da parte da regulação do projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual) esteve em pauta em pelo menos dois debates na mostra. Na quarta, a manobra do governo foi defendida por Manoel Rangel, representante da Secretaria do Audiovisual do MinC e um dos redatores do anteprojeto.
De acordo com ele, houve uma avaliação no interior do governo sobre a necessidade de um marco regulatório, em separado da agência, a chamada Lei Geral das Comunicações de Massa.Uma das justificativas para a retirada da regulação do anteprojeto é que, dessa forma, seu envio para o Congresso seria agilizado.
Na mesa, estavam também Geraldo Moraes, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, e Geraldo Veloso, diretor da Associação Mineira de Cineastas.
No encontro para discutir os dez anos da retomada do cinema brasileiro e as perspectivas para o futuro, realizado na sexta, a atitude do governo foi considerada por alguns como um recuo, mas nem todos acreditam que o projeto tenha sido enterrado.
A ausência da produtora Lucy Barreto, que faz parte do grupo contrário ao projeto e deveria integrar essa mesa, acabou por enfraquecer o debate, já que a posição dos outros participantes era a favor da nova agência.

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