quarta-feira, janeiro 26, 2005

Fórum de Davos incorpora o discurso de Porto Alegre

DAVOS / PORTO ALEGRE - DEBATE GLOBAL

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Os líderes mundiais estão quebrando suas solenes promessas de enfrentar os problemas globais, da pobreza à paz, passando pela proteção do meio ambiente". Em qual dos dois fóruns que começam hoje, o de Davos e o de Porto Alegre, foi produzida a frase acima?
Se você respondeu Porto Alegre, poderia até ter acertado, mas foi em Davos, o grande convescote da elite global.
Trata-se de relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial, a instituição que organiza os seus encontros anuais, todo mês de janeiro, em Davos, na Suíça, a propósito das Metas do Milênio, os objetivos fixados por chefes de governo de quase todos os países para dar uma melhorada no estado do mundo.
O relatório deu notas, de zero a dez, para as ações concretas que trouxessem as metas da retórica para a vida real. Resultado: em nenhuma das seis metas, a nota do planeta chegou a mais que quatro (na média, foi 3).
Em todas as áreas, de educação à fome, da paz aos direitos humanos, a humanidade está fazendo menos da metade do que é necessário para construir um mundo mais estável e próspero", atacou Ann Florini, pesquisadora do Instituto Brookings dos Estados Unidos e diretora da "Iniciativa sobre a Governança Global", um projeto do fórum que monitora o desempenho dos governos nas áreas cobertas pelas metas do milênio.
Como aconteceria em Porto Alegre, não faltaram críticas ao empresariado, mas elas foram mais matizadas do que, com certeza, ocorreria na capital gaúcha: "Alguns homens de negócio tomam suas responsabilidades (sociais) a sério, e o relatório aponta muitas dessas histórias. Mas tais empresas representam uma pequena fração do setor privado", lamenta Florini.No capítulo "pobreza e fome", dois temas de preferência tanto de Porto Alegre como do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o relatório é impiedoso:
"Se a presente tendência continuar, ainda haverá cerca de 600 milhões de pessoas passando fome em 2015, muito longe da meta", diz Joachim von Braun, diretor-geral do Instituto de Pesquisa sobre Política Alimentar Internacional e responsável por esse quesito no relatório geral.
Mais: "Para alcançar a meta (reduzir à metade o número de pessoas que passam fome e são muito pobres), seria preciso acelerar os programas mais de 12 vezes".
Von Braun não menciona especificamente o Brasil no seu relatório, mas afirma que "a América Latina e o Caribe não conheceram declínio nenhum no número de pessoas vivendo em pobreza absoluta". (tirado da Folha de São Paulo)

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