quarta-feira, janeiro 26, 2005

Fórum deixa Porto Alegre e vai para África em 2007

O Fórum Social Mundial, que começa hoje, se despede de Porto Alegre, preocupado em se tornar mais abrangente e propositivo. A maior abrangência se reflete na própria decisão tomada ontem de descentralizá-lo. A conotação mais propositiva está presente em todas as atividades, de acordo com os organizadores.
No ano que vem, o evento vai acontecer em várias cidades do mundo. Em 2007, a sede será na África. Das cinco edições do fórum (contando a deste ano), apenas uma não se realizou na capital gaúcha -a de 2004, na Índia.
Em nota do seu conselho internacional, após reunião de dois dias, o fórum anunciou ter decidido que em 2006 o evento "será realizado de forma descentralizada, em diferentes lugares do mundo. Essa decisão visa à expansão e ao enraizamento do processo".
"Território hostil"
Apesar de deixar Porto Alegre, o fórum manterá o caráter anual. Essas duas decisões contentaram os organizadores. Parte deles considera um "enfraquecimento" tornar o evento bienal e que Porto Alegre se tornou um território "hostil" após a derrota do PT nas eleições do ano passado.
A respeito do caráter político da decisão, a nota diz: ""Integrarão o FSM 2006 os eventos realizados em diferentes regiões e países cujas organizações se proponham a compartilhar princípios metodológicos construídos em comum".
Quanto à periodicidade, invoca a necessidade de ser coincidente com o Fórum Econômico Mundial, de Davos: ""O Processo Fórum Social Mundial 2006 terá início com a realização de eventos na mesma data do Fórum de Davos".
""A organização do FSM 2007 será de responsabilidade das organizações africanas. O conselho internacional compartilhará essa responsabilidade", adianta a nota. O país africano que corre na frente é o Marrocos, já candidato a ser sede do evento em 2006.
O fórum que se inicia hoje, com uma caminhada, às 16h, de cerca de dois quilômetros entre o Largo Glênio Peres (centro de Porto Alegre) e o Anfiteatro Pôr-do-Sol (sem solenidade formal), terá cerca de 2.000 atividades, que vão desde discussões a respeito do combate à fome até debates sobre o conflito no Oriente Médio. Na caminhada, haverá toque de tambores e pedidos pela paz.
No espetáculo de abertura, as atrações são o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que atuará como músico, o franco-espanhol Manu Chao e a banda argentina Bersuit Vergarabat.Um dos pontos altos do evento será a palestra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã de amanhã. Lula chega hoje à noite à capital gaúcha e se reúne, às 21h, com os integrantes do conselho internacional do evento.
Estão confirmadas as presenças do presidente venezuelano, Hugo Chávez, do escritor português José Saramago, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, do argentino Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e da ex-primeira-dama da França Danielle Mitterrand. (tirado da Folha de São Paulo)

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