quinta-feira, janeiro 27, 2005

Em Porto Alegre, uma marcha pela paz


Fórum!!!

Porto Alegre – O presidente norte-americano George Bush não estava na passeata de abertura do Fórum Social Mundial, mas foi um de seus protagonistas. Faixas, bandeiras, cartazes carregados por mãos militantes de muitos cantos do mundo expressavam o descontentamento que as políticas empreendidas pelo governo de Washington geram entre os participantes do Fórum. Do início ao fim da avenida Borges de Medeiros, centro da capital gaúcha, por onde a marcha se desenrolou, podia se avistar fotos de gente morta no Iraque acompanhadas da frase: "Bush é o maior terrorista".
A ira dos outromundistas, como são conhecidos os militantes envolvidos com o processo de luta contra a globalização neoliberal, também se entendeu ao primeiro-ministro israelense Ariel Sharon. A esses líderes, grande parte dos duzentos mil manifestantes, que fizeram da passeata a maior da história dos Fóruns, atribui a responsabilidade pelos crônicos problemas que enfrenta a humanidade. Às bombas e tiros de metralhadora utilizados por uns, os manifestantes responderam com gritos desferidos em diferentes idiomas: "chega de Bomba, chega de ataque, fora imperialismo do Iraque".
Cânticos de luta similares a esse podiam ser ouvidos em toda marcha. Eles se misturavam a batuques, cornetas, palavras de ordem, risos e brincadeiras, ditos e ouvidos por gente de diferentes matizes ideológicos: Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, movimento de educadores argentino Barros de Pie, esquerda norte-americana (eles dizem viver "dentro do monstro"), camponeses da Via Campesina, palestinos, europeus, venezuelanos, australianos, diferentes formas de enxergar e agir sobre a realidade que em comum têm apenas a disposição de construir "um outro mundo possível".
No meio dessa diversidade, Shirlei Michele Machado da Silva, da associação de catadores de lixo Novo Cidadão, de Porto Alegre, participou pela primeira vez do Fórum Social Mundial. Acompanhada de sete membros de sua organização, Shirlei carregava um carrinho para recolher latas, garrafas plásticas, lixo enfim. "Eu vim aqui para ver se as pessoas dão mais valor para a gente, porque nós somos tratados como sujos. A gente passa, as pessoas nem olham", explicou, para demarcar a fronteira que divide incluídos e excluídos, os que têm e os que não têm acessos aos benefícios da globalização.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva também foi lembrado pelos manifestantes, por seus admiradores e críticos. O presidente, que chegou na noite desta quarta-feira a Porto Alegre para participar pela quarta vez do Fórum Social Mundial, foi homenageado por seus correligionários do Partido dos Trabalhadores. Guiados por José Genoíno, eles marcharam com camisetas com a expressão "100% Lula". Os críticos, por sua vez, em tom de provocação, cantavam Vou Festejar, canção eternizada por Beth Carvalho: "Você pagou, com traição, a quem sempre lhe deu a mão".
Fonte: Agência Brasil

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