terça-feira, junho 21, 2005

Réquiem para Roberto Requião

É, hoje foi mais um dia de luta. Infelizmente não pude estar neste embate. Mas, deixo aqui o informe sobre tudo o que aconteceu, ou sobre tudo o que ouvi falar.
Esta foi mais uma batalha vencida pelos estudantes. O que se iniciou com uma passeata no calçadão da UEL hoje estampou as televisões de todo Paraná. Se falar com a reitora já foi uma vitória, imagina ficar cara a cara com o senhor feudal.
Requião é o Sumo Pontífice da fazenda a qual com muita prepotência chamamos de Paraná, um Estado dito laico e democrático, e que na verdade é apenas uma extensão do corpo de nosso Leviatã paranaense. Como diria Luis XIV "O Estado sou eu". Esta pode ser apenas uma das faces de nosso glorioso monarca. Não há como esquecer os episódios de campanha eleitoral, nos quais diariamente víamos, através de propagandas políticas, Requião dizer que subia no palanque com o Diabo, entre outras coisas.
Vai entender né? E teve muita gente que votou nele. E depois ele tenta se explicar e só complica mais, como no caso do episódio do Diabo: "O candidato do PMDB diz que sua fala foi retirada de uma conferência, quando citava um discurso de Winston Churchil que teria dito que se Hitler invadisse o inferno ele seria aliado do diabo". Humm...Churchil, Hitler, quem vê até se entusiasma com seu conhecimento.
Bom, sei que o papo tá bom, mas eu tenho que ser sucinto. Deixo abaixo algumas matérias que saíram na mídia, não posso dar muitos esclarecimentos sobre o caso, porque afinal, eu não estava lá. Porém, não é muito difícil de se imaginar o que aconteceu.
Imagine alguns estudantes com faixas, apitos e nariz de palhaço. Agora os coloque dentro de um evento feito para a Sociedade Rural, ou seja, um bando de latifundiários. Acrescente algumas autoridades ilustres (tipo prefeito e afins), pense que estas estavam lá para puxar o saco do governador, e não só isso, dar uma lambidinha para o imperador liberar uma verba para a cidade. Nesta cerimônia sórdida inclua o próprio causador de todas as tormentas, a transubstanciação da universidade em sucata, Roberto Requião*. E, somando a tudo isso, doses cavalares de intolerância e muita ira, e, bum! O governador explodiu de raiva!

*Caso não esteja entendendo como se processa esta transformação é só se lembrar da Rainha da Sucata, aquela novela boçal da Globo. Nela a protagonista, Maria do Carmo, configurava seus trabalhos com ferro-velho em grandes fortunas. Requião sucateia a universidade e embolça belos trocos das particulares. Só que este não é um negócio montado e articulado inteligentemente, é apenas fruto de canalização da insanidade do autoritário xerife do Paraná. No entanto, esta leve demência não pode servir de desculpa para uma breve contemplação, tal qual aquela do judeu de 2000 anos atrás: "Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem". O nosso amigo pode não saber o que faz, mas nem por isso podemos perdoá-lo.
Fiquem com a mídia.

Requião se irrita com manifestação e ameaça suspender as negociações

"Eu vou dar mais uma oportunidade, ou acaba com esse silvo [barulho dos apitos dos estudantes que fizeram manifestação] ou nos próximos 30 dias eu não converso mais com a Secretaria de Ensino Superior sobre o reajuste do salário e a reestruturação das universidades. Mais um aviso e pagarão por 30 dias".
Foi desta maneira que o governador do estado, Roberto Requião, reagiu às manifestações dos alunos, realizadas nesta terça-feira (21) em Londrina, na paralisação de advertência de três dias dos professores das universidades estaduais do Paraná.
Durante toda a terça-feira, docentes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e instituições de Foz do Iguaçú e Umuarama fizeram manifestação exigindo reposição salarial. Os professores da Universidade Estadual de Maringá, que não haviam aderido à greve, em reunião nesta terça, resolveram por participar da paralisação.
Nesta quarta-feira (22) os sindicatos dos funcionários das universidades estaduais vão se reunir com a secretária de estado de Administração e Previdência, Maria Marta Lunardon, para apresentar as reivindicações. Segundo reportagem veiculada no Paraná TV, na reunião, a secretária vai mostrar o resultado de um estudo que corrige distorções salarias e de carreiras dos professores universitários. Mas, segundo o governo, antes disso não é possível aumentar os salários.
Nesta quarta a paralisação ainda permanece. Não haverá aulas nas instituições estaduais. Na sexta os professores retomam às aulas. Segundo Luiz Fernando Reis, professor e presidente do sindicato dos docentes da Unioeste, em Cascavel, "o governo terá que apresentar uma proposta até o final do primeiro semestre (julho). Caso contrário em agosto paramos de novo", afirmou.
Veja outros tópicos da matéria:



Sindicato da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sinduepg) contesta nota oficial do Governo sobre mobilização nas Estaduais



Veja em vídeo a reação do governador Roberto Requião e como foi o dia nas universidades estaduais.




Governo divulga nota oficial sobre paralisação em universidades

Com a notícia da paralisação das atividades em cinco universidades estaduais, o governo do Paraná divulgou nesta segunda-feira a seguinte nota oficial:
O Governo do Paraná faz de tudo para corrigir os salários dos nossos professores, assim como para corrigir as irregularidades já detectadas pelo Tribunal de Contas na estrutura salarial das Universidades Estaduais.
Há uma grande diferença entre uma universidade e outra. E todas são unidades do Sistema Estadual de Ensino Superior do Estado do Paraná. Logo, tais disparidades não deveriam existir.
Os reitores e os professores sabem perfeitamente que uma equipe do Governo trabalha com extrema dedicação, já há algum tempo, tanto para corrigir as defasagens salariais quanto para estabelecer uma nova ordenação na remuneração dos nossos professores universitários.
Com os estudos que realiza, o Governo do Paraná eliminará de vez a verdadeira caixa-preta que existe nos gastos das nossas Universidades. A folha de pagamentos será rodada pelo Estado e a sociedade saberá o que ganha cada professor ou funcionário.
O Governo está indignado com a paralisação anunciada e comunica que descontará os dias sem trabalho dos professores e funcionários, assim como cortará o descanso remunerado; ou seja, serão cinco dias de desconto nos salários, três pela paralisação e dois pelo descanso remunerado.
Todos sabem perfeitamente que o Governo tem limitações orçamentárias e é preciso que se lembrem também que o terceiro grau é uma atividade precípua da União e não do Estado. Mas o Paraná é hoje a unidade federada que mais gasta com o ensino universitário no Brasil.
No entanto, o Estado não tem só as universidades e o salário do seu pessoal para adequar às possibilidades orçamentárias. Assim, o Governo do Paraná pretende, dentro das circunstâncias, corrigir no máximo do possível os salários dos professores e funcionários.
Não esqueçam, contudo, os grevistas de hoje, que existem outras categorias do funcionalismo público estadual com os salários defasados - não somente eles; e não esqueçam ainda que estamos tentando, desde o início do Governo, acertar esses descompassos e melhorar os vencimentos de todos os servidores, dentro do possível
”.

Professores trocam as salas de aula pelas ruas para protestar

A manhã desta terça-feira (21) foi atípica nas instituições estaduais do Paraná. Em vez das salas de aulas, os professores saíram às ruas reivindicando melhores condições de trabalho, realização de concurso público e reajuste salarial.
Em Cascavel, os docentes, alunos e funcionários da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) foram até a rua principal da cidade para informar à população os motivos da paralisação. Somente a reitoria e as clínicas de odontologia e fisioterapia funcionaram normalmente. Segundo informações do Paraná TV, os alunos estão sem aulas em doze disciplinas.
Na Universidade Estadual de Londrina (UEL), os professores fizeram nesta manhã uma assembléia pedindo mais autonomia para as instituições estaduais e reajuste salarial. Em Umuarama, cerca de 450 alunos ficaram sem aulas nesta terça. Em Foz do Iguaçu os professores exigiram contratação de novos docentes.
Na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), quase todos os professores aderiram à greve. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), a expectativa é que os docentes também façam a paralisação.
O secretário de Ciência e Técnologia, Aldair Rizzi, informou que considera a paralisação inapropriada e avisa que as negociações que já vinham acontecendo serão interrompidas. Além disse o secretário lembrou que os parados serão descontados.

Requião defende reestruturação do ensino superior (nota do site do governo)

O governador Roberto Requião silenciou nesta terça-feira (21) um protesto de 9 estudantes e funcionários da Universidade Estadual de Londrina (UEL) ao anunciar, em Londrina, a reestruturação que o Governo do Estado esta fazendo nas instituições de ensino superior.
“A reconstrução da dignidade do funcionalismo não pode ser feita do dia para noite após oito anos de descaso, porque temos limitações orçamentárias como as previstas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Estamos corrigindo a disparidade de salários que existia dentro de uma mesma universidade e de uma para outra, em parceria com reitores e sindicatos”, afirmou.
O governador destacou a qualidade das instituições estaduais “comprovada com brilhantismo no provão” e ressaltou que a reestruturação trará mais transparência para a sociedade. “As greves são naturais numa democracia, mas não podem ser inconseqüentes, principalmente quando professores e funcionários sabem do esforço que o Governo do Estado está fazendo para readequar os salários, que serão publicados na internet assim como está sendo feito com todas as contas do governo”, disse.
Apesar do protesto ter o objetivo de atrapalhar a cerimônia de entrega de viveiros para reconstrução da mata ciliar em mais de 50 municipios, estudantes e funcionários ouviram o governador, que garantiu com firmeza que a reestruturação pretende, sobretudo, corrigir injustiças. “Sou governador de todas as categorias e não apenas daquelas que têm a capacidade de se mobilizar. Não será uma pressão localizada que me fará ceder, de forma populista e covarde, apesar de estar sempre disposto a trabalhar com justiça”, completou.

Professores da UEL entram em greve

Paralisação, que vai até quinta-feira, visa reajuste nos salários das universidades

Os professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL) entram hoje em greve, que dura até a próxima quinta-feira. Além da UEL, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Unioeste, em Cascavel, também farão a paralisação nesses três dias. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) fará mobilização entre hoje e quinta-feira, mas deve manter as atividades acadêmicas.
A greve será formalizada em votação durante assembléia dos docentes hoje, às 8h30, no Centro de Ciência Humanas (CCH). Os funcionários técnico-administrativos da UEL não vão aderir ao movimento.
O presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região (Sindiprol), César Caggiano dos Santos, teve uma reunião ontem em Curitiba com o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldair Tarcísio Rizzi. Dois representantes do Sinteemar, que representa os docentes da Universidade Estadual de Maringá (UEM), também participaram do encontro.
A reunião foi convocada pelo secretário e, de acordo com o diretor do Sindiprol, César Bessa, a pauta não havia sido adiantada. Dependendo do conteúdo do encontro, a greve poderia ser cancelada. Entretanto, segundo Caggiano, o secretário não apresentou nenhuma proposta nova. “Não houve avanços, o secretário colocou o que já havia sido proposto”, disse.
No último dia 13, reitores das instituições estaduais de ensino superior se reuniram com os secretários de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de Administração e Previdência (Seap), Maria Marta Renner Weber Lunardon, e com representantes do Tribunal de Contas (TC) e do Ministério Público Estadual. Aquele encontro resultou numa proposta para ser encaminhada ao governador Roberto Requião, entre os quais a alteração dos percentuais interclasses da carreira docente, de maneira a proporcionar correção salarial diferenciada para professores assistentes, adjuntos e associados. Segundo Caggiano, como essa proposta não altera o piso salarial, não é entendida como uma proposta viável.
O orçamento 2005 do Estado destina R$ 30 milhões para pessoal e encargos de docentes das instituições estaduais de ensino superior. Segundo o presidente do Sindiprol, Rizzi não tocou nesta questão durante e reunião. Atualmente, a UEL tem 1,6 mil docentes, e o salário inicial é R$871,60.
Nota
A Agência Estadual de Notícias divulgou nota no final da tarde informando que descontará os dias sem trabalho dos professores e funcionários e os dias de descanso remunerado. Dessa forma, serão cinco dias de desconto nos salários, três pela paralisação e dois pelo descanso remunerado.

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