segunda-feira, julho 04, 2011

Estudar ciências sociais - II





Ciências Sociais é um daqueles cursos dos quais a leitura é um hábito indispensável. Gostando ou não, querendo ou não; o certo é que você vai se cansar de ler. No início isso pode ser muito tortuoso. As leituras são difíceis, os temas muitas vezes indecifráveis, assim como os termos e o linguajar próprios. Os professores irão lhe ensinar métodos de leituras, dicas, meios para você sistematizar as informações em fichas e em blocos de notas. Essa uma parte da qual terá muito que pensar a respeito. Ler, como eu disse, é quase tudo nessa ciência. As palavras são as nossas substâncias que serão manipuladas em nossos laboratórios metodológicos para tornarem-se textos, reflexões, críticas... e por aí vai.


Apesar dos pesares, decifrar as teorias é muito prazeroso. É lógico que irá encontrar matérias que não o agradam, temas que não tem nada a ver com suas pesquisas ou intenções futuras, mas isso não o impede de aproveitar o mínimo possível e mentalmente necessário dessa experiência insólita. Ao longo dos anos, dificilmente irá se manter o mesmo. Certamente o estudante do início do curso não se confunde com o que se forma. E tal mutação não se dá só por uma questão Heraclitana do fluir do rio ou de alguma outra coisa parecida. Não há naturalidade nesse processo (aliás, o natural, como verá, não existe na sociedade). Essa graduação o fará pensar e repensar muitas coisas: certezas se reduzirão a pó em pouco tempo e um novo leque de possibilidades se abrirá diante de seus olhos. A leitura sobre as teorias será a bagagem fundamental a ser utilizada nessa viagem sem destino fixo ou provável.

Ao longo do curso você encontrará a melhor forma para ler e organizar as leituras. Quanto a isso, não esquente, esse é mais um daqueles que problemas que só se resolvem à medida que tenta resolvê-los. O importante é ler, e mais do que isso, é essencial fazer leituras críticas. Não se importe em gastar o tempo que for necessário para entender um trabalho intelectual. Sua confecção pode ter demorado anos ou, às vezes, até décadas. Por isso, tente utilizar dicionários (de todos os tipos) como suporte, e não se furte em utilizá-los ao máximo possível. Não tenha preguiça de procurar entender as palavras que não conhece ou que não compreende o significado. Grife em seu texto, escreva do lado. Faça marcações ou qualquer coisa que chame a atenção. Faça um dicionário só seu. Pegue um caderno pequeno e coloque nele os termos que mais utiliza (pode dividir os termos sociológicos dos da língua portuguesa, por exemplo). Anote as palavras que não conhece, faça uma lista desses novos nomes (isso enriquecerá seu vocabulário). Enfim, é importante que, mesmo que a leitura não tenha nenhum propósito prático/objetivo, você não perca o que leu ou não desperdice o tempo que foi gasto a leitura.

No começo, tudo parecerá estranho. Os textos muitas vezes são mesmo indecifráveis, frutos de uma escrita hieroglífica. Esse é um outro ponto que quero abordar depois: os textos de ciências sociais (me incluo nisso) são de uma gramática mal colocada e específica, difíceis de entender, herméticos aos não-iniciados. Somando-se a isso, provavelmente você vai começar fazendo disciplinas muito diferentes entre si, lendo livros com séculos de distância uns dos outros. Vai ser uma salada de compreensões e de reflexões. Nesse ponto, a melhor saída é recorrer à filosofia. Para estudar ciências sociais é preciso ter alguma base sobre as correntes do pensamento filosófico. Um bom dicionário de filosofia também pode ajudar e muito (tenha, também, algum livro geral sobre as teorias filosóficas).

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