sábado, novembro 20, 2004

Abuso de imagem


Na Captura dos Friedmans

Esse foi o filme que eu vi hoje. É um documentário muito interessante sobre a família dos Friedmans. A Captura dos Friedmans é um longa-metragem documental que explora a natureza ilusória da verdade através do prisma de um dos casos criminais na história da América. Os Friedman no inicio parecem uma família típica. Arnold Friedman é professor premiado. Sua esposa Elaine, dona de casa. Juntos, criam os 3 filhos na pequena e rica cidadezinha de Great Neck, perto de Long Island. No feriado de Ação de Graças, a família está no lar preparando para um jantar tranqüilo. De repente, a policia quebra a porta da frente da casa e policiais entram na casa, vasculhando tudo e carregando caixas da família. Arnold e seu filho de 18 anos Jesse são presos levados algemados em meio a um monte de repórteres, luzes, câmeras, e caminhões de emissoras de TV estacionados em frente de sua casa.Começa uma investigação complicada, pai e filho são acusados por centenas de crimes chocantes. Enquanto a família veementemente declara sua inocência, a comunidade de Great Neck está num transtorno, e os Friedmans são os alvos de sua raiva.

Documentário sobre os escândalos sexuais que destruíram uma família estadunidense pergunta mais do que responde
Por: Alessandro Garcia - Publicado em 02.04.2004
Desconcertante, ainda que seja um termo por demais vago e lugar-comum é a melhor expressão que acho para definir o documentário Na Captura dos Friedmans (Capturing the Friedmans). Ao optar por uma busca de isenção na apresentação da história desta estranha família, o diretor norte-americano Andrew Jarecki nos joga na cara uma produção perturbadora desde as primeiras cenas, que garantem tamanho desconforto que só nos resta esperar ansiosamente que o final jogue um pouco de luz sobre as contradições que são apresentadas.Quando Jarecki pretendia rodar um documentário sobre os palhaços de Nova Iorque, conheceu Silly Billy (David Friedman), um artista das ruas que, ao contar ao diretor a respeito da peculiar história de sua família, acabou por presenteá-lo com uma trama sórdida cujos desdobramentos decretaram o fim da sua considerada normalidade. Normal, mesmo repleto de toda a sua relatividade de significados, é um termo que de maneira alguma pode ser empregado aos Friedmans. Porque, ao contribuir com o diretor para a realização de um documentário sobre o escândalo que envolveu sua família, David lhe beneficiou com mais de 50 horas de material filmado por eles próprios, na sua estranha compulsão por filmes caseiros filmados em Super-8 e, mais tarde, em vídeo.
(...)
As imagens são tantas e registram momentos tão peculiares, que talvez a melhor forma de explicá-las seja, realmente, o fato de que David diz “filmar para não ter que lembrar”. E é como voyeurs de uma trama por demais fascinante de tão bizarra que continuamos a nos estarrecer com este documentário. Tudo é um jogo tão aberto e escancarado que, no entanto, ao contrário de nos fornecer as respostas mais claras, vai-se pintando um quadro onde culpados e inocentes se confundem e o registro eletrônico de tudo se torna quase uma catarse para o desmoronamento de uma família para o qual o termo “disfuncional” seria um generoso eufemismo.

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