terça-feira, março 08, 2005

A eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara dos Deputados e a exposição das dificuldades de mudança política no Brasil


Severino Cavalcanti

A professora de sociologia da UEL, Maria José, publicou um artigo muito interessante sobre a atual conjuntura política brasileira. Deixo um breve pedaço que tirei do Espaço Acadêmico www.espacoacademico.com.br . A íntegra deste artigo está em: http://www.espacoacademico.com.br/046/46crezende.htm

A eleição de Severino Cavalcanti com 300 votos, dos quais uma parte vem justamente de deputados acomodados postiçamente a partidos (como o PMDB) que dão sustentação ao governo, trouxe à tona perdas irrecuperáveis para a sociedade brasileira, já que o que há de mais atrasado, mais retrógrado no campo político, foi o vencedor. Não se deve esquecer que o presidente da Câmara recém-eleito, além de um passado de apoio à ditadura militar é hoje um defensor de formas de trabalho desobrigadas de qualquer respeito às leis trabalhistas. Defendendo os produtores das acusações de manterem trabalhadores sob regime de trabalho escravo, ele afirmou em discurso na Câmara, em março de 2004, o seguinte: “Milhares de bóias-frias são deslocados para as fazendas conforme o trabalho que surge. Fica difícil para o produtor (...) registrar esse trabalhador pelo espaço de um ou dois dias, ou curtos períodos de tempo. (...) É preciso desconhecer a realidade das condições e dos costumes regionais para exigir de um produtor ou de um fazendeiro, nas matas da Amazônia ou no sertão nordestino, privadas no meio do mato, chuveiros ou água tratada (...), alojamentos com camas e colchões para trabalhadores que mesmo em suas casas, habitualmente dormem em redes” (CAVALCANTI, 2005c, p. 6). Com um posicionamento dessa natureza não é difícil imaginar quais foram os deputados que o enxergaram como um representante de seus interesses. Revela-se, assim, que os inúmeros deputados que servem como massa de manobra até mesmo para os governantes se viabilizarem no poder, acabaram por se revelar, num episódio como esse, o quanto mantêm intactas as suas convicções essencialmente voltadas para a manutenção do status quo e, portanto, do que há de mais grave nesse país: a exclusão social e política.

Um comentário:

Anônimo disse...

Guess who is back?