quarta-feira, março 02, 2005

Secretário do Audiovisual acusa Rede Globo por atraso na Ancinav

Depois de mais de um mês de silêncio, a discussão sobre a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual) foi reacesa na noite de anteontem. Segundo o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, a agência deve começar a exercer suas novas funções -agora apenas fomentar e fiscalizar a produção audiovisual do Brasil- até o fim do ano. Enquanto o projeto da agência passa por adaptações, o marco regulatório (lei geral) da agência, segundo Senna, também está sendo trabalhado.
"A decisão do presidente Lula é que as duas coisas sejam feitas ao mesmo tempo, e não uma depois da outra. A lei está sendo trabalhada agora para que seja apresentada ao crivo da opinião pública", explicou o secretário durante debate com o cineasta Toni Venturi e o pesquisador do Centro Cultural Banco do Brasil André Gatti. O evento integra a Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes), que termina hoje, no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Senna responsabilizou a Rede Globo pelo atraso em torno da criação da Ancinav. "A Globo tentou, através de acusações incríveis, dizer que a Ancinav era uma ameaça para o futuro da liberdade de expressão. Na verdade, era para que se evitasse a discussão, para demonizar a agência. "Isso aqui é ditatorial, então é melhor nem discutir." Foi uma coisa falaciosa que atrapalhou bastante essa polêmica [o projeto]."
O secretário disse que a TV não aceita a regulação do setor ao qual pertence, mas que insiste pela regulação de empresas telefônicas. "O que ela [a Globo] disse foi "vamos botar isso [a regulação] mais para frente, porque nós temos que nos adequar aos novos tempos". Ou seja, a Globo quer, antes da regulação, que ela seja também uma tele ou que se associe a uma tele." Senna afirmou que a Globo teme que empresas de telecomunicações passem a atuar na criação de conteúdos.Em nota à Folha, o diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, afirmou: "Assim como muitos outros setores relevantes, a TV Globo vem defendendo publicamente um debate pela preservação da cultura brasileira, uma questão absolutamente estratégica para o país. Mas a decisão de buscar um caminho mais democrático neste processo coube exclusivamente à decisão pessoal do presidente da República". (tirado da Ilustrada)

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