quinta-feira, maio 12, 2011

O barulho pensa?

Desde pequeno tenho atração por música e até por ruídos estranhos. Confesso que não sei bem o porquê disso. A música já foi tão central em minha vida a ponto de ser a única referência de mundo da qual eu dispunha. Vivia entorpecido por sons e por batidas. Aquilo era êxtase puro, vontade insaciável, vício descontrolado. Posicionei-me no pequeno universo de seres que seguem as composições como se fossem mensagens sagradas. E havia mesmo algo de sobrenatural naquilo tudo. Como um mantra, entoávamos cantos que só os apreciadores mais íntimos conheciam o significado. A cada show, a cada disco, era um novo impulso de um organismo vivo e autônomo que se retroalimentava. Por bons anos vivi intensamente o espírito dessa arte tão fascinante e milenar. Hoje já não tenho mais o mesmo ímpeto musical. Mas a chama persiste.
Esses sons nos trazem uma comunicação muito autêntica que estabelecemos com nós mesmos. Há um sentido subjetivo, às vezes profundo. A música pode até ser uma explicação para outras coisas. Prefiro pensá-la como uma invenção genuinamente humana, expressão da antítese da vida: um caminho fugaz no descaminho.

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